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Maria e a Ressurreição

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Qual não terá sido o seu gáudio ao sentir misticamente em Si a Alma de Jesus unir-Se de novo ao Corpo, e Ele Se apresentar agora mais glorioso do que antes da morte? Bem arquitetônico seria que nesse exato momento Nosso Senhor Lhe aparecesse fisicamente para consolá-La, pois Ela fora a Corredentora e compartilhara todos os sofrimentos da Paixão.

Redação (04/04/2021 09:50, Gaudium Press) Em seus relatos sobre a Ressurreição, nada dizem os evangelistas a respeito de Maria Santíssima. Entretanto, não é possível imaginar a Mãe do Redentor ausente desses acontecimentos.

Enquanto o Corpo de Jesus repousava no sepulcro, os Apóstolos certamente sentiam, por um misterioso instinto, que a história do Homem-Deus não podia estar concluída com aquela Morte, mas não chegavam a imaginar a anunciada Ressurreição. Como supor, com efeito, que Jesus aceitaria o desafio lançado pelo mau ladrão: “Se és o Cristo, salva-Te a Ti mesmo” (Lc 23, 39)? Porque se o fato de um vivo ressuscitar um morto — como Ele fizera com Lázaro — já resultava inteiramente incomum, quanto mais o seria alguém sair dos abismos da morte pelas próprias forças, dizendo ao seu corpo: “Levanta-te!”.

A Santíssima Virgem, porém, não tinha a esse respeito a menor fímbria de dúvida.

Fenômeno pungente e misterioso

Segundo a opinião de renomados mariólogos, Cristo Sacramentado jamais deixou de estar presente em Maria Santíssima desde a Santa Ceia até a sua Assunção ao Céu. Toda vez que Ela comungava, renovavam-se em seu coração as Sagradas Espécies, tornando-A um tabernáculo permanente da Eucaristia.[1]

Ora, estando Cristo realmente presente na Sagrada Hóstia, Nossa Senhora deve ter sentido de algum modo, em seu interior, a Alma e o Corpo de Jesus separarem-Se no momento da sua Morte, enquanto a divindade continuava unida a ambos. Pois, como explica o Doutor Angélico, “tudo o que pertence a Cristo segundo seu próprio ser, pode ser atribuído a Ele enquanto existe em sua própria espécie e no Sacramento, a saber, viver, morrer, sofrer, ser animado e inanimado, etc.”[2]

Esse fenômeno pungente e misterioso supera nossa capacidade de compreensão. No Cenáculo, Maria Santíssima recebeu “o mesmo e verdadeiro Corpo de Cristo, que então era visto pelos discípulos sob a própria figura e era tomado na espécie do Sacramento”.[3] Ele, afirma São Tomás, “não era impassível na forma em que era visto sob sua figura, muito pelo contrário estava preparado para a Paixão. Por isso, nem era também impassível o Corpo que se entregava sob a espécie do Sacramento”.[4] Nossa Senhora havia comungado o Corpo de Cristo padecente, e tendo-O custodiado durante toda a Paixão, os sofrimentos do seu Divino Filho reproduziam-se simultaneamente de algum modo no seu interior. E no mesmo momento em que Ele ressuscitava no Santo Sepulcro, ressuscitava também na Sagrada Hóstia presente em Maria.

Qual não terá sido o seu gáudio ao sentir misticamente em Si a Alma de Jesus unir-Se de novo ao Corpo, e Ele Se apresentar agora mais glorioso do que antes da morte? Bem arquitetônico seria que nesse exato momento Nosso Senhor Lhe aparecesse fisicamente para consolá-La, pois Ela fora a Corredentora e compartilhara todos os sofrimentos da Paixão.

Inteiramente unidos a Jesus e Maria

São breves, mas belas considerações para a Páscoa deste 2021. Enquanto a impiedade e a incerteza parecem ir tomando conta do mundo, nada melhor que volver nossos olhares e corações à Santíssima Mãe de Deus, modelo de esperança contra toda humana esperança.

Sua fé na Ressurreição jamais vacilou; queira Deus que também nossa Fé na promessa do Divino Mestre, de que as portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja (cf. Mt 16, 18), não hesite por um só instante.

Pois, para que o Lumen Christi, tão belamente simbolizado pelo Círio Pascal, possa enxotar para o fundo dos infernos os demônios que hoje tentam a humanidade e visam destruir a Santa Igreja Católica, basta haver um conjunto de fiéis, inteiramente unidos a Jesus e Maria, que peçam isso com verdadeiro afinco.

Por Afonso Costa


Extraído, com alterações, de: CLÁ DIAS. João Scognamiglio. O Inédito sobre os Evangelhos. Città del Vaticano: L.E.V./São Paulo: Lumen Sapientiae, 2013, v. VII, p. 382-385

[1] O padre Faber, por exemplo, dá por certa a permanência das Espécies Eucarísticas em Maria durante todo o tempo da Paixão, e admite “sem nenhuma dificuldade” que esse privilégio possa ter se prolongado até o fim da sua vida terrena (FABER, Frederick William. O Santíssimo Sacramento ou as obras e vias de Deus. 2.ed. Petrópolis: Vozes, 1939, p.468-469). O padre Roschini, de seu lado, lembra que diversos escritores ascéticos são dessa opinião, na qual nada vê de improvável (cf. ROSCHINI, OSM, Gabriel. Instruções Marianas. São Paulo: Paulinas, 1960, p.154). Em nossa opinião, não cabe dúvida sobre este assunto, visto o princípio mariológico de eminência, assim formulado pelo padre Royo Marín: “Qualquer graça ou dom sobrenatural concedido por Deus a algum santo ou criatura humana, concedeu Ele também à Virgem Maria da mesma forma, em grau mais eminente ou de modo equivalente” (ROYO MARÍN, OP, Antonio. La Virgen María. Madrid: BAC, 1968, p.48).

[2] SÃO TOMÁS DE AQUINO. Suma Teológica. III, q.81, a.4.

[3] Idem, a.3

[4] Idem, ibidem.

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