Qualquer norte-coreano que entre em contato com o cristianismo, mesmo que uma única vez, corre o risco de ser enviado para um campo de prisioneiros políticos, o que equivale a uma sentença de prisão perpétua.
Redação (28/11/2024 12:24, Gaudium Press) A Coreia do Norte, reconhecida como o país mais isolado do mundo, tem um dos piores registros de direitos humanos e é repetidamente documentada como o país onde os grupos religiosos sofrem “perseguição extrema”.
O sistema Songbun da Coreia do Norte, que mistura influências do confucionismo tradicional com a ideologia comunista, classifica os cidadãos de acordo com a sua lealdade ao Estado. Na rotina diária da Coreia do Norte, o songbun desempenha um papel fundamental na determinação do destino das pessoas. Ele afeta desde o local onde alguém pode residir até suas chances de educação e emprego, perpetuando um ciclo de vantagens e desvantagens fundamentado na história familiar. Apesar do pequeno número de fiéis – cerca de 0,38% da população, o que equivale a pouco mais de 98.000 pessoas, os cristãos são rotulados como desleais e até mesmo uma ameaça ao governo. Por esse motivo, vivem na clandestinidade.
Muitas igrejas antigas agora são usadas como salas de ginástica ou centros de pesquisa de Kim II-sung (onde os cidadãos têm de estudar as obras dos líderes norte-coreanos). Os cristãos norte-coreanos são obrigados a viver a fé em segredo, e a Coreia do Norte ocupa o primeiro lugar na Lista Mundial da Perseguição 2024.
Com efeito, houve um aumento da repressão à liberdade de expressão, pensamento e acesso à informação, do controle rigoroso sobre o deslocamento interno e externo dos cidadãos e do uso de trabalho forçado em condições extremas na Coreia do Norte entre julho de 2023 e maio de 2024. Com as novas leis que restringem severamente o acesso a mídia e informações estrangeiras, como a Lei do Pensamento e Cultura Reacionários, são impostas penas severas, incluindo prisão perpétua e até pena de morte, pela disseminação do que o governo considera conteúdo “reacionário”, como filmes e músicas da cultura sul-coreana e notícias estrangeiras.
“A lei é uma ameaça para todos os cidadãos. Ela visa especificamente os cristãos e proíbe a Bíblia e outros materiais religiosos”, afirma uma pessoa que prefere não se identificar por medo de represálias.
Os norte-coreanos costumam usar a extensa fronteira com a China para escapar do país. Caso consigam escapar do rigoroso controle policial, os fugitivos buscam entrar ilegalmente em um terceiro país, e buscar asilo na embaixada da Coreia do Sul. Já os detidos pelas autoridades chinesas são enviados de volta para a Coreia do Norte. De acordo com a Human Rights Watch, em abril deste ano, o governo chinês deportou aproximadamente 600 norte-coreanos. Todos aqueles que tiveram contato com cristãos enquanto estavam fora do país foram enviados para campos de internamento para prisioneiros políticos, conhecidos pela severidade do tratamento dispensado aos prisioneiros ali. Esses campos de prisioneiros políticos, na verdade, equivalem a uma pena de prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional”.
Illyong Ju, um refugiado que vive nos EUA e trabalha como missionário para ajudar os norte-coreanos com a causa da liberdade religiosa, lamenta que “a China, membro do Conselho dos Direitos Humanos da ONU, simpatize com as ações assassinas do regime norte-coreano”, acrescentando que “ouviu que eles serão interrogados para contar, à força, sobre as 1.000 pessoas restantes que ainda não foram repatriadas para a Coreia do Norte”.
“Sem dúvida que serão torturados nos campos e alguns serão executados. Nunca devemos considerar este fato levianamente. O regime norte-coreano continua cometendo atos equivalentes ao genocídio contra o seu próprio povo, e o governo chinês está fechando os olhos a isto e apoiando isso tacitamente”.
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