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O 2º Domingo de Páscoa e o medo dos “outros”

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Estes “outros” faziam parte dum imenso e malogrado cortejo que, desde os primórdios de nossa História até hoje, vem sido acrescido por incontáveis partidários. Não são bons, nem maus; são os “outros”, e não merecem outra classificação.

Redação (24/04/2022 08:19, Gaudium Press) Às vezes, é difícil dizer qual milagre foi maior: a Ressureição de Jesus Cristo ou o fato de seus Apóstolos, homens medrosos e sem instrução, terem difundido uma Religião – ou melhor, “A” Religião – que toma conta do orbe.

O crescimento dela, Igreja Católica, não se explica a não ser por milagres, e milagres em quantidade. Como estes homens poderiam converter povos inteiros de um modo tal que a Fé por eles pregada permanecesse incólume por dois mil anos? Ora, se tais coisas ocorressem sem milagres, tratar-se-ia, então, de um milagre ainda maior…

Mas, como afira São Lucas na primeira leitura de hoje, “muitos sinais e maravilhas eram realizados entre o povo pelas mãos dos apóstolos” (At 5,12). Tanta graça havia em suas pregações que levavam até eles doentes em camas e macas, bem como pessoas atormentadas pelo demônio para que, quando São Pedro passasse, pelo menos sua sombra tocasse em algum deles e os curasse (cf. At 5,15-16).

As conversões se operavam em quantidade, e todos os que seguiam os apóstolos eram muito unidos, aderindo a eles com toda a alma (cf. At 5,12). Entretanto, tal adesão infelizmente não era geral, como se comprova pelas palavras de São Lucas: “nenhum dos outros ousava juntar-se a eles, mas o povo estimava-os muito” (At 5,12-13).

Um grande e triste cortejo

Primeiro, quem eram estes “outros” que não tinham coragem de se juntar aos fiéis? Sem dúvida, não eram apóstolos nem discípulos nem seguidores deles, embora os estimassem muito. Eram pessoas que desejavam a salvação mas não seguiam os Apóstolos, por medo de serem vítimas da mesma perseguição armada contra eles e, pouco tempo antes, contra o próprio Nosso Senhor.

Estes “outros” faziam parte dum imenso e malogrado cortejo que, desde os primórdios de nossa História até hoje, vem sido acrescido por incontáveis partidários. Não são bons, nem maus; são os “outros”, e não merecem outra classificação.

Quão vergonhoso é ser contado no número deles, sobretudo quando se vê que o destino deste triste comboio é a morada dos maus.

Eles sabem onde está a verdade, mas permanecem de braços cruzados enquanto ela é perseguida e caluniada. Por quê? Têm medo. É evidente que, sem uma graça muito especial, eles nunca se converterão. Mas, até lá, há algo que possam fazer?

Imitem os apóstolos?

A cena que vimos na primeira leitura deu-se depois de Pentecostes e contrasta muito com o que nos narra o Evangelho: os Apóstolos trancados no cenáculo por medo dos judeus (cf. Jo 20,19). Não fosse a graça da descida do Espírito Santo, eles permaneceriam trancados até a morte e nunca teriam força e coragem para pregar a verdadeira Fé ao mundo inteiro.

Entretanto, antes que viesse tal graça, eles tomaram a única atitude ainda possível aos medrosos: fechar-se à influência dos que perseguem o bem e não buscar aliar-se a eles. Nem por isso os Apóstolos agiram do modo mais perfeito, enfrentando varonilmente a perseguição dos judeus; mas também não podemos afirmar que eles foram inteiramente infiéis, uma vez que não buscaram passar para o lado de seus perseguidores. Neste momento, eles faziam parte do lastimoso cortejo dos “outros”.

Mas Nosso Senhor, cuja misericórdia e paciência são infinitas, lhes aparece desejando a paz (Jo 20,19). Se eles tivessem tanto medo a ponto de buscar uma aliança infame com os maus, Nosso Senhor não lhes teria aparecido, pois “só mesmo àqueles que fecham as portas da alma às deletérias influências do mundo, Cristo aparece oferecendo-lhes os consolos da verdadeira paz”.[1]

Portanto, aqueles que se identificam no imenso cortejo dos “outros” e, portanto, imitam os apóstolos no medo de serem perseguidos, devem imitá-los também no fechar as portas às influências do mal, jamais buscando fazer alianças com estes. Em português claro: os que ainda não têm coragem de seguir e defender os bons, que, pelo menos, não deem ouvidos às pérfidas calúnias daqueles que visam destruir os que lutam pela verdade.

Se assim o fizerem com retidão e pedirem forças a Nossa Senhora, em dado momento Ela os fará lutar ao lado dos bons. Mas, que se apressem em sair o quanto antes deste triste e vil cortejo dos “outros”! Já o dissemos: o destino deste comboio é a companhia dos maus. E, na maioria das vezes, é a passos largos e rápidos que ele segue sua marcha.

Por Lucas Rezende


[1] CLÁ DIAS, João Scognamiglio. O inédito sobre os Evangelhos. Città del Vaticano: LEV, 2012, v.5, p.286.

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