InícioNotícias da IgrejaO que dar e pedir ao Menino Jesus?

O que dar e pedir ao Menino Jesus?

Published on

Este presente devemos oferecê-lo pela intercessão de Nossa Senhora pois, como oferecer algo como nós, a não ser por meio d’Ela? E se tudo fazemos por seu intermédio, por que não pedir um presente a Nosso Senhor também através de sua Mãe?

Foto: Arautos do Evangelho

Foto: Arautos do Evangelho

Redação (22/12/2023 20:15, Gaudium Press) Um Menino está para nascer em Belém! O que dizer desse acontecimento? Quando o Verbo Se encarnou e habitou entre nós, qual era a situação da humanidade? Com certeza, bastante parecida com a de nossos dias.

Entretanto, algumas almas opressas por essa situação sentiam que algo estava por acontecer e compreendiam que, ou o mundo acabaria, ou a Providência de Deus interviria. Essas almas tinham a sua desventura e a sua angústia levadas ao máximo na véspera do dia de Natal. Vivia-se o fim de uma era em seus estertores, mas na aparência da paz, e ninguém tinha ideia de qual poderia ser a saída.

Eis que, naquela véspera de Natal, tão terrivelmente opressiva para todos, numa gruta em Belém havia um casal de castidade ilibada; a Virgem Esposa, porém, seria Mãe. Nessa gruta, enquanto se rezava em profundo recolhimento, o Menino Jesus veio à terra!

Autêntica adoração

Os pastores, que relembravam a retidão antiga, vendo aparecer os Anjos cantando e anunciando-lhes a primeira notícia – “Glória a Deus no mais alto dos Céus e paz na terra aos homens de boa vontade” (Lc 2, 14 Vulg.) – encantaram-se e foram em direção ao Presépio, levando seus presentinhos ao Menino Jesus. Foi o magnífico ato de adoração inicial, o qual bem poderíamos chamar de ato de adoração da tradição.

Eles representavam a tradição da retidão pastoril. Levando uma vida recatada, à margem da podridão daquela civilização, aos pastores foi anunciado em primeiro lugar o grande fato: “Puer natus est nobis, et filius datus est nobis – Um Menino nasceu para nós, um Filho nos foi dado” (Is 9, 5).

Pouco depois, no outro extremo da escala social, chegava também uma caravana; era outra maravilha. Uma estrela peregrina no horizonte e, do fundo dos mistérios pútridos do Oriente, homens sábios, magos, cingindo a coroa real, deslocam-se de seus respectivos reinos.

Por fim, chegaram juntos à gruta, levando as três culminâncias dos respectivos países: ouro, incenso e mirra. E renderam outra adoração ao Menino Jesus. Já não era a tradição dos mais humildes, mas, sim, a dos mais elevados.

Esses reis, ápices da nobreza de seus respectivos países, traziam junto com a dignidade real uma outra elevada honra: a de serem magos. Eram homens sábios, tinham estudado com espírito de sabedoria e, no momento em que receberam a ordem “Ide a Belém, e ali tereis as vossas esperanças realizadas”, seus espíritos encontravam-se preparados por tudo aquilo que conheciam sobre o passado.

Logo irrompe a perseguição

De imediato, desencadeou-se a perseguição. A meu ver, não seria razoável, nessas circunstâncias, meditarmos no Natal sem tomarmos em consideração a matança dos inocentes, tragédia que acompanha tão de perto a celeste paz, a serenidade magnífica e toda cheia de sobrenatural do “Stille Nacht, Heilige Nacht”. Essa cruel matança tingiu de sangue a terra que mais tarde se tornaria sagrada, porque aquele Menino ali verteria seu Sangue Sacrossanto. Apenas Ele Se manifestou, a espada assassina dos poderosos moveu-se contra Ele; quando tais maravilhas se afirmaram, o ódio dos maus se levantou contra elas como uma corja.

Com frequência, a matança dos inocentes é considerada de um modo humanitário. Não há dúvida de que essa ponderação tem algum cabimento. Eles eram inocentes e foram mortos, trata-se de crianças covardemente trucidadas. Entretanto, essa apreciação justa e cheia de compaixão empana, no espírito moderno e naturalista, a consideração mais importante: aquele massacre era o prenúncio do deicídio pois, tendo recebido a informação de que nascera o Messias, o rei dos judeus teve a intenção de matá-Lo e, para isso, mandou assassinar todos os meninos!

Embora não tivessem plena consciência de ser Ele o Homem-Deus, de um modo ou de outro a intenção era atingir, senão Deus, pelo menos o seu enviado.

Ontem e hoje o mundo agoniza

Como a nossa vida é parecida com a dos homens que viveram na véspera do “Puer natus est nobis, et filius datus est nobis”! O mundo de hoje agoniza como agonizava o das vésperas do nascimento de Nosso Senhor. Tudo é desconcertante, loucura e delírio. Todos procuram aquilo que cada vez mais foge deles, como o bem-estar, a vidinha, o gozo infame, as trinta moedas com as quais cada um vende o Divino Mestre, que implora a defesa e o entusiasmo daqueles a quem Ele remiu.

É muito provável que nessas condições haja, pela vastidão da terra, algum homem a gemer por presenciar o mundo se desfazer; é o descalabro da Cristandade ou, hélas, a terrível crise na Santa Igreja imortal, fundada e assistida por Nosso Senhor Jesus Cristo, de tal maneira em declive que, se soubéssemos ser ela mortal, seríamos levados a dizer que está morta.

Eu me pergunto: não virá para nós um acontecimento enorme, talvez dos maiores da História – embora infinitamente pequeno em comparação com o Santo Natal –, que nos liberte também de todo o horror no qual estamos?

Presentes ao Menino Deus

Aos pés do Presépio, se Deus quiser, vamos celebrar o Santo Natal, e devemos levar nossos presentes ao Menino Deus, como fizeram os Reis Magos e os pastores. Entretanto, o que dar-Lhe? O melhor presente que Ele quer de nós é a nossa própria alma, o nosso coração! O Divino Infante não deseja nenhum outro presente de nossa parte a não ser este.

Alguém dirá: “Que pífio presente, eu dar a mim mesmo a Ele!” Não é verdade! Se Jesus nos receber em suas mãos divinas, nos converterá em vinho como fez com a água nas Bodas de Caná, e seremos outros. Digamos a Ele: “Senhor, modificai-me! ‘Asperges me hyssopo et mundabor: lavabis me, et super nivem dealbabor – Aspergi-me com hissope e eu ficarei limpo; lavai-me e tornar-me-ei mais alvo do que a neve’ (Sl 50, 9). Vosso presente, Senhor, é a criatura que Vos pede: aspergi-me, purificai-me!”

Ora, esse presente devemos oferecê-lo pela intercessão de Nossa Senhora pois, como oferecer algo como nós, a não ser por meio d’Ela? E se tudo fazemos por seu intermédio, por que não pedir um presente a Nosso Senhor também através de sua Mãe? Sem dúvida, o dom fundamental que devemos implorar é o seguinte: “Senhor, mudai o mundo! Ou, se não há outro meio, abreviai os dias cumprindo as promessas e as ameaças de Fátima! Mas, para perseverar pelo menos os que ainda perseveram, Senhor, tende pena deles, abreviai os dias de aflição e fazei vir o quanto antes o Reino de vossa Mãe”.

Enquanto estivermos cantando o “Stille Nacht, Heilige Nacht” e as demais canções sagradas do Natal, devemos ter bem presente o seguinte. A lembrança do fato ocorrido há dois mil anos é muito bonita e muito boa, sobretudo porque temos a convicção de que Nosso Senhor continua presente na sua Santa Igreja e na Sagrada Eucaristia, e que sua Mãe nos auxilia desde o Céu. Na terra, porém, é preciso pedir uma presença régia e vitoriosa do Divino Infante!

Podemos inclusive dar a este pedido uma outra formulação: “Ut inimicos Sanctæ Matris Ecclesiæ humiliare digneris, te rogamus audi nos! Senhor recém-nascido, que repousais nos braços de vossa Mãe como no mais esplendoroso trono que jamais houve nem haverá para um rei na terra, nós Vos suplicamos: dignai-Vos humilhar, rebaixar e castigar os inimigos da Santa Igreja Católica Apostólica Romana, a começar pelos mais terríveis; e estes não são os externos, mas os internos! Tirai-lhes a influência, o prestígio, a quantidade e a capacidade de fazer mal”.

Em suma, peçamos a forma mais requintada da vitória de Nosso Senhor: o esmagamento dos seus adversários e a vitória de sua Mãe Santíssima!

Plinio Corrêa de Oliveira

Extraído, com adaptações, da Revista Dr. Plinio. n. 285 , dez. 2021.

 

 

The post O que dar e pedir ao Menino Jesus? appeared first on Gaudium Press.

Últimas Notícias

Sexta-feira da 1ª Semana do Advento

(roxo, pref. do Advento I ou IA – ofício do dia) O Senhor descerá com...

São Nicolau – bispo

De são Nicolau, bispo de Mira (Lícia) no século IV, temos grande número de...

Nicarágua expulsa todas as religiosas do país

As organizações sem fins lucrativos das religiosas foram canceladas. Todas as suas propriedades serão...

50 chefes de Estado na reabertura da Notre-Dame: só faltará o Papa

Muitos questionam não tanto a presença de um presidente, mas a ausência do chefe...

Audio-Book

148. I. Meditações de Santo Afonso Maria de Ligório (AUDIOBOOK)

https://www.youtube.com/watch?v=8gGGSaTK2ic Meditações de Santo Afonso Maria de Ligório — Bispo e Doutor da Igreja Quarta Dor...

147. II. Meditações de Santo Afonso Maria de Ligório (AUDIOBOOK)

https://www.youtube.com/watch?v=63iCH0qZxGY Meditações de Santo Afonso Maria de Ligório — Bispo e Doutor da Igreja Jesus é...

146. I. Meditações de Santo Afonso Maria de Ligório (AUDIOBOOK)

https://www.youtube.com/watch?v=4b50saBVvfY Meditações de Santo Afonso Maria de Ligório — Bispo e Doutor da Igreja Jesus é...