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O verdadeiro alimento

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Qual a solução para os problemas enfrentados pelo mundo contemporâneo?

Redação (02/08/2021 10:16, Gaudium Press): A liturgia desse 18º Domingo do Tempo Comum, nos apresentou um grande obstáculo enfrentado pelo povo hebreu, e que de modo relevante, também assola nossos dias: “o materialismo”.

       Conforme narra o Evangelho de São João, o povo judeu, embora buscasse a Nosso Senhor, estava ávido de um sustento terreno, pois há pouco sua fome havia sido saciada na multiplicação dos pães. Então, dirigindo-se à outra margem do mar, encontraram Jesus e disseram-lhe:

“Rabi, quando chegaste aqui? Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade eu vos digo, estais me procurando não porque vistes sinais, mas porque comestes pão e ficastes satisfeitos. Esforçai-vos não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna e que o Filho do Homem vos dará. (Jo 6, 25-27)

            Deus criou o homem com a necessidade de utilizar-se dos meios naturais para o seu próprio sustento. Contudo, há uma forte tendência da natureza humana, dotada de corpo material e de alma espiritual, a dar mais importância àquilo que os sentidos pedem, do que àquilo que a fé apresenta como solução.

            Há tempo, Deus procurava reconduzir o povo eleito – raça de cerviz dura -, ao cumprimento de seus mandamentos. Entretanto, muitas vezes aquela bondade e condescendência divina para com os seus amados eram retribuídas com a exorbitante soma de infidelidades por suas práticas pagãs. A fé de seus pais Abraão, Isaac e Jacó, já não servia de modelo para estas almas envolvidas pelo fausto naturalista e mundano. Daí se compreende a queixa deles diante de Moisés, contida na primeira leitura (cf. Ex 16,2-4.12-15) ao se depararem com o problema da fome que começava a lhes faltar no percurso para a terra prometida.

            Se analisarmos a descrição da situação do povo judaico no Antigo Testamento e posteriormente com Nosso Senhor, poderíamos nos perguntar: qual é então a reação divina diante destas circunstâncias?

O verdadeiro alimento

Deus, para reeducar a nação eleita, permite que passem por inúmeras provas –desde Moisés até os tempos messiânicos – dando-lhes abundantemente o alimento e o sustento terreno como sinal de seu amor para com eles. Mas, para avaliar a autenticidade do amor recíproco, priva-os desta matéria que lhes saciava, para desapegá-los deste mundo e terem seus olhos postos no “alimento que permanece até a vida eterna”; para que sua fé pudesse, enfim, atingir patamares cada vez maiores.

Ora, infelizmente, a correspondência deles deixou muitas vezes a desejar. Esta preparação realizada por Deus patenteia o quanto Ele queria prepará-los para aceitarem e receberem dignamente a Eucaristia, instituída na última ceia.

* * *

Agora, mais do que nunca, os homens parecem viver como o povo eleito, ou pior, como os pagãos: apenas buscam aquilo que seus olhos veem e suas mãos apalpam.

Na segunda leitura, São Paulo adverte severamente a estas pessoas: “Não continueis a viver como os pagãos, cuja inteligência os leva para o nada […] Renunciando à vossa existência passada, despojai-vos do homem velho, que se corrompe, sob o efeito das paixões enganadoras, e renovai o vosso espírito e a vossa mentalidade” (Ef 4, 17. 22).

Então, “como despojar-se do homem velho”? Como desvencilhar-se das preocupações pecaminosas, das esperanças com o dinheiro, com as más relações sociais e com os prazeres ilegítimos?

“Quem vem a Mim não terá mais fome e quem crê em Mim nunca mais terá sede”

Santo Agostinho ao descrever o seu caminho rumo à conversão, canta belamente ao Senhor: “Tarde te amei, beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei. Mas eis: estavas dentro e eu estava fora. Lá fora eu te procurava e me atirava, deforme, sobre as formosuras que fizeste. Mantinham-me longe de ti coisas que, se não estivessem em ti, não seriam. Chamaste e clamaste e quebraste minha surdez; faiscaste, resplandeceste e expulsaste minha cegueira; exalaste e respirei e te aspirei; saboreei e tenho fome e sede; e ardo na tua paz”.[1]

A solução para os problemas enfrentados pelo mundo contemporâneo não pode ser outra senão a do conselho de Nosso Senhor: “Quem vem a Mim não terá mais fome e quem crê em Mim nunca mais terá sede” (Jo 6,35).

Que este seja o nosso propósito a partir de agora.

Por Guilherme Motta


[1] AGOSTINHO DE HIPONA, Santo. Confissões, L. X, c. 27, n. 38. Trad. Lorenzo Mammì. São Paulo: Schwarcz, 2017, p. 199.

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