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Procurar Jesus, em Maria

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Muitos católicos podem ter a sensação de que Jesus Cristo está como que “se retirando” do mundo e da Igreja, abandonando-os à sua sorte. Não será que Ele deseja que voltemos nossos olhos e corações Àquela Rainha e Mãe que nunca estará distante de nós?

Redação (16/05/2021 08:39, Gaudium Press) Quando um amigo ou um parente muito querido deve partir em longa viagem, é comum sentirmos o coração apertado; por vezes as lágrimas correm e as saudades “antecipadas” nos levam a adiarmos o quanto possível a dolorosa separação. “Partir c’est toujours mourir un peu”, dizem os franceses.[1] Podemos então imaginar quanta comoção, quanto pesar deve ter causado a partida de Nosso Senhor Jesus Cristo aos seus mais próximos. Consolava-os, é verdade, saber que aquele Homem que outrora havia sofrido o indizível agora se assentaria em seu trono de glória na perene felicidade. “Não pensemos – afirma Santo Agostinho com seu estilo característico – que [Jesus] está à destra do Pai como se o Pai estivesse sentado à sua esquerda. Naquela felicidade que sobrepassa todo entendimento, somente há destra, e essa destra é o nome da felicidade”.[2] Mas assim mesmo é difícil conceber que os Apóstolos, ao verem seu Mestre “desaparecer” de maneira definitiva, não tenham sentido muitíssimo sua falta.

“Admiramos, em efeito (…), que, ao desaparecer aos olhos dos homens aquela presença visível que por si mesma impunha um justo sentimento de respeito, não desfaleceu a fé, nem titubeou a esperança, nem vacilou a caridade…”.[3]

Notemos o seguinte: os Apóstolos e discípulos ainda não haviam recebido o Espírito Santo; como então se mantiveram firmes na ausência do Senhor?

Não seria fora de propósito imaginar que tal sustentação deveu-se, e em grande parte, à uma outra presença, discreta, que ainda permaneceria durante alguns anos na Terra.

Eles começaram a voltar os olhos para a Mãe de Jesus

“Ao raiar o dia em que Ele subiria ao Céu, Maria entrou em profunda e tranquila oração. Pedia a graça de os Apóstolos compreenderem que o Divino Mestre partia para a eternidade, mas dali os acompanharia através do olhar puro de Sua Mãe. Em determinado momento, fizeram-se presentes Jesus e José, os quais lhe explicaram, com indescritível bondade, a altíssima razão de conveniência da sua permanência neste mundo: Ela deveria viver mais quinze anos a fim de sofrer pela perseverança e pleno cumprimento da missão dos Apóstolos, em primeiro lugar, mas também de todos os eleitos que viriam no futuro.

Então seu espírito foi arrebatado aos Céus, apresentando-Se ante o trono da Santíssima Trindade, à qual Nossa Senhora fez uma profunda reverência. As Três Pessoas queriam oferecer-Lhe uma escolha. Poderia Ela entrar na visão beatífica com seu filho naquele dia ou continuar na terra por mais um período para cumprir, com o sacrifício de sua alma, o plano que Lhe fora revelado. Abrangendo num relance a importância do encargo a Ela confiado, renovou interiormente seu constante ‘fiat’ e exclamou em seu Coração: ‘Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em Mim segundo a vossa vontade!’

(…) Com exceção de São Pedro e São João, os quais permaneceram firmes, o conjunto dos discípulos ficou um tanto abatido de alma e até prostrado de corpo após a partida do Divino Mestre. No entanto, em decorrência das graças recebidas, eles começaram a voltar os olhos para a Mãe de Jesus, discernindo n’Ela a guia e protetora da Igreja (…).”[4]

Seja como for, tal narração nos abre caminho a uma série de reflexões e aplicações. Um exemplo: muitos católicos podem ter a sensação de que Jesus Cristo está como que “se retirando” do mundo e da Igreja, abandonando-os à sua sorte. Não será que Ele deseja que voltemos nossos olhos e corações Àquela Rainha e Mãe que nunca está distante de nós? Não será o momento do procurá-Lo dentro do olhar de Maria Santíssima?

Por Afonso Costa


[1] Literalmente: “Partir é sempre morrer um pouco”.

[2] SANTO AGOSTINHO. Carta a Consencio, 120, 3, 15. In: Obras Completas, Madrid: B.A.C., 1986, v. VIII, p.904 (Tradução pessoal).

[3] SÃO LEÃO MAGNO. Sermão, 74, 1-2. CCL 138/A, 455-457. In: Just JR., Arthur A., Marcelo Merino Rodríguez. La Biblia Comentada por los Padres de la Iglesia. Madrid: Ciudad Nueva, 2009, p. 319-320 (Tradução pessoal).

[4] CLÁ DIAS, João Scognamiglio. Maria Santíssima! O Paraíso de Deus revelado aos homens. São Paulo: Arautos do Evangelho, 2020, v. II, pp. 518; 520.

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