Foi divulgado que os bispos alemães terão um novo encontro com a Cúria Romana em 22 de março.
Redação (27/02/2024 15:23, Gaudium Press) Foi divulgado que, em 22 de março, ocorrerá um novo encontro entre os bispos alemães e a Cúria Romana. No entanto, este encontro correu sério risco de não acontecer caso o episcopado alemão aprovasse os estatutos de uma chamada Comissão Sinodal durante sua última Assembleia plenária. Esta comissão levaria à criação de um Conselho Sinodal que atuaria como órgão conjunto de governança da Igreja alemã, envolvendo bispos e leigos, algo que está em desacordo com os princípios católicos.
Em uma carta datada de 16 de fevereiro, enviada pelo Cardeal Parolin e outros dois cardeais dias antes da Assembleia, foi assinalado que, nas conversações entre os alemães e o Vaticano, “foi acordado conjuntamente, em outubro passado, que as questões eclesiológicas abordadas pelo Caminho Sinodal, incluindo a criação de um órgão consultivo e decisório interdiocesano, seriam discutidas com maior profundidade no próximo encontro entre representantes da Cúria Romana e da DBK [Conferência Episcopal Alemã]. Se o Estatuto da Comissão Sinodal for aprovado antes desta reunião, surgirá a questão da finalidade deste encontro e, num contexto mais amplo, do processo de diálogo em andamento”. Em termos diplomáticos, o Secretário de Estado anunciou uma possível ruptura com Roma, o que essencialmente caracterizaria um cisma.
Como resposta a essa advertência, os bispos alemães optaram por retirar da agenda do dia o tópico referente ao Comitê Sinodal, embora isso não signifique necessariamente que tenham desistido de sua criação.
Contudo, o próprio e liberal Dom Georg Bätzing, presidente do episcopado alemão, declarou, em meio à controvérsia, que eles desejavam se reunir com as autoridades romanas, mas que o Vaticano havia adotado táticas protelatórias. Pode-se inferir que o Vaticano demorou a responder na esperança de que a Alemanha desistisse de estabelecer uma estrutura hierárquica não católica. Em decorrência dessa espera sem resposta, a maioria progressista do episcopado alemão tentou acelerar os processos durante a última Assembleia, o que levou o Cardeal Parolin a freá-los fortemente e, como resultado, o encontro da Igreja Alemã com o Vaticano acontecerá em breve.
Como este encontro de 22 de março e os subsequentes se diferenciarão dos já realizados entre os bispos alemães e os cardeais Parolin, Ouellet e Ladaria, em novembro de 2022, especialmente o de 18 de novembro daquele mesmo ano, no Instituto Augustinianum, quando lhes foram apresentados relatórios teológicos esclarecedores e devastadores sobre todo o seu processo sinodal?
Claro que, apesar das múltiplas advertências, diálogos e encontros entre Roma e a Igreja alemã, a maioria do episcopado alemão não foi dissuadida de seguir o caminho delineado desde a convocação do Caminho Sinodal Alemão, o qual resultou em um confronto direto com a moralidade católica, especialmente em questões sexuais, em uma fé relativizada (católica) e, além disso, na criação de estruturas “sinodais” que não estão alinhadas com a estrutura estabelecida por Jesus Cristo para a sua Igreja.
É possível que isso explique o aumento no número de vozes que defendem que o tempo para o diálogo já passou, e que chegou a hora de adotar medidas concretas para restaurar a ordem em uma Igreja que vê torrentes de fiéis abandonarem as suas fileiras.
Por exemplo, o Cardeal Müller afirmou que, em seu país, está acontecendo “a maior crise provocada pelo homem na Igreja Católica na Alemanha desde a Reforma Protestante e a secularização, e que os responsáveis por esta crise deveriam passar por uma visita apostólica. Todos devem aprender que a Igreja de Jesus Cristo só pode ser compreendida com categorias teológicas. Qualquer um que tente decompô-la sociologicamente em uma ONG ou pense que está sendo filantrópico ao degradar o ser humano a uma redução sexual-psicológica ficará na história da Igreja não como um reformador, mas como um destruidor”.
O respeitado Padre Santiago Martín, fundador dos Franciscanos de Maria, expressa sua preocupação em relação à recente carta dos cardeais. Após elogiar, ele lamenta que essa carta tenha chegado com anos de atraso, quando o mal já está enraizado e difundido. Além disso, ele destaca que a carta se concentra principalmente na defesa da estrutura hierárquica da Igreja, em detrimento da defesa da fé e dos Sacramentos, que estão sendo desrespeitados pela prática generalizada de dar comunhão aos protestantes na Alemanha. O padre enfatiza que a intervenção do Vaticano foi feita in extremis, em um momento crítico, quando muitas dioceses alemãs já se encontram de fato em um cisma.
De qualquer forma, o mundo católico estará atento aos desdobramentos das conversações em Roma, porém possivelmente cada vez mais cansado e menos propenso a apoiar “diálogos” que, para muitos, só contribuem para a agonia da Igreja na Alemanha, a confusão do povo e de toda a Igreja. (SCM)
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