“Em Cízico, na Propôntides (Ásia Menor), o natal dos santos mártires Fausta, virgem, e Evilásio, sob o imperador Maximiliano. Fausta foi suspensa e atormentada pelo próprio Evilásio, sacerdote dos ídolos, tendo sido despojada dos cabelos e raspada por humilhação. Em seguida, querendo serrá-la pelo meio e não conseguindo os algozes ofendê-la, Evilásio, surpreso com isso, converteu-se a Cristo; e enquanto ele, por ordem do imperador, era duramente atormentado, Fausta, ferida na cabeça, traspassada com pregos por todo o corpo e colocada num tacho ardente, finalmente, junto com Evilásio, chamada por uma voz celeste, passou ao Senhor”.
Assim o Martirológio Romano fixa a memória da santa de hoje. Como acontece frequentemente, estas informações foram tiradas exclusivamente das Atas, ou melhor de uma Paixão, à qual os historiadores atuais atribuem valor quase nulo, sobretudo por causa de algumas extravagâncias. Por outro lado a narração não ficou isenta de correções e variantes mais ou menos contemporâneas. O documento foi utilizado também pelo célebre historiador são Beda, o Venerável, no seu Martirológio, onde se leem mais ou menos as mesmas notícias já referidas. É interessante até como ele tenha acolhido juntamente duas variantes. O primeiro suplício de santa Fausta, “despojada dos cabelos e raspada por humilhação”, foi ampliado por ele, sintetizando dois documentos diferentes, um dos quais atestava somente que a mártir tinha sido “despojada dos cabelos”. Este suplício era evidentemente um dos números preferidos pelos verdugos, pois é recordado também no caso de outras santas virgens mártires, e o mesmo se diga da tentativa (fracassada no caso de Fausta) de serrá-la pelo meio, “como se fosse um pedaço de madeira”, acrescenta Beda.
As próprias Atas, lembrando o suplício dos pregos, dizem com certa gozação que o corpo de Fausta, todo pregado, ficou parecido com “a sola de uma bota”. A mártir de Cízico consumou o seu máximo sacrifício quando a chamou “uma voz celeste”. As relíquias de Fausta de Cízico foram objeto de dupla trasladação: na metade do século VI para Narni e depois no século IX para Luca. Em Narni, de fato, o bispo de 537 a 558, são Cássio, edificou para sua queridíssima esposa falecida também de nome Fausta, um sepulcro. Posteriormente quis enriquecê-lo com as relíquias da santa homônima de Cízico. Começou assim a veneração de uma santa Fausta de Narni.
Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.
FONTE: PAULUS