Com cândida generosidade, a virgem de Domrémy, Santa Joana D’Arc, cuja memória a Igreja celebra no dia 30 de maio, aceitou a missão enviada pelo Céu de libertar a França do jugo inglês.
Redação (29/05/2024 18:12, Gaudium Press) Santa Joana d’Arc cintila no firmamento da Igreja como um dos reflexos mais fascinantes de Nossa Senhora. A Donzela de Domrémy pode ser contada entre as últimas coruscações, e quiçá a mais gloriosa, da pugnacidade católica típica do período medieval. Sua curta existência, iniciada no ano de 1412 e encerrada em 1431, é surpreendente.
Quando ainda muito nova, a via mística se abre diante dela com extraordinário fulgor cavalheiresco: São Miguel Arcanjo e as mártires Santa Catarina e Santa Margarida lhe aparecem para exortá-la a libertar a França da invasão inglesa. Trata-se de uma vocação excepcional, pois nunca havia sido confiado a uma mulher o encargo de liderar exércitos e participar de batalhas e participar de batalhas.
Com cândida generosidade e coragem incomum, a jovem aceita a missão enviada pelo Céu e parte de seu vilarejo em direção a Chinon, a fim de entrevistar-se com o delfim da França, o futuro Carlos VII. Entre as mil peripécias da profetisa-soldado, constam espetaculares sucessos militares, coalhados de milagres e lances de heroísmo épico, aos quais se segue o mais estrondoso fracasso: no epílogo de sua vida ela se depara com o abandono desinteressado por parte do monarca que lhe devia a coroa, com a traição e com o martírio na fogueira de Rouen.
A figura de La Pucelle desponta como uma centelha divina capaz de atear incêndios de graça e mover epopeias sacrossantas. Sob esse aspecto ela representa a Virgem Fiel, terrível como um exército em ordem de batalha, que esmaga perpetuamente a cabeça da serpente. Sua pugnacidade audaz e incansável, aliada à mais ilibada virgindade, faz dela um símbolo, uma luz, uma glória para a História. Com ela se inaugura uma nova via de santificação feminina, na qual a doçura própria à mulher se harmoniza com o espírito guerreiro e a integridade da pureza sem mácula.
Santa Joana d’Arc é um dos tesouros de beligerância contra o mal escondidos no Coração Imaculado de Maria, que devia se manifestar quando os sinais de decomposição da Civilização Cristã se tornassem evidentes. Ela é o canto de cisne da Cavalaria, da castidade aliada à combatividade, da fidelidade a Deus e ao rei; em síntese, do elixir mais precioso da Idade Média. Mas não só. Ela é uma profecia para o futuro pois, por meio de sua amada filha, Nossa Senhora derramará graças de força, de esplendor e de triunfo sobre os soldados de Cristo.
Naquela época, a rejeição de sua pessoa e de sua missão pelo Rei Carlos VII, homem ignóbil, mesquinho e venal, significou voltar as costas para um passado carregado de bênçãos e optar por um porvir sem as coruscações da luta, submerso no gozo da vida, na mediocridade e na corrupção.
A vítima de Orléans entregou a alma a Deus em meio às chamas, proclamando sua fidelidade à inspiração divina: “As vozes não mentiram!” Desse modo, venceu as tentativas dos juízes iníquos que procuraram fazê-la negar as aparições. Tais palavras constituem um brado de confiança mais heroico que os mil riscos por ela enfrentados nas batalhas.
Seu martírio pelas mãos dos ingleses simboliza a exalação ao Céu de um ideal imorredouro, do qual os homens haviam se tornado indignos. Entretanto, a quem tem fé basta ouvir seu nome para perceber que ela ainda voltará de modo misterioso, nimbada de esplendor e potência, para animar as hostes do bem contra as insídias da raça da serpente e levá-las à mais estrondosa vitória.
Em Santa Joana d’Arc refulgem: a excepcionalidade da vocação, a confiança diante do absurdo, a virgindade intocável, a combatividade implacável e a magnificência das vitórias coligada ao fragor dos fracassos.
Texto extraído livro Maria Santíssima! O Paraíso de Deus revelado aos homens, v. 3. Por Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP.
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