A Igreja Católica celebra, no dia 6 julho, a memória de Santa Maria Goretti, uma menina de 12 anos que foi morta defendendo sua virgindade.
Redação (06/07/2023 08:02, Gaudium Press) Muitas vezes Deus permite que as crianças deem lições aos adultos. A história de Santa Maria Goretti é um exemplo claro.
Hoje em dia é muito difícil falar de castidade, pureza, virgindade, porque, infelizmente, o homem contemporâneo preferiu se esquecer destes valores para satisfazer, descontroladamente, seus instintos mais baixos.
Quando se fala de Santa Maria Goretti, por exemplo, ouvimos, frequentemente, ser proclamada do púlpito a beleza da resignação cristã que morre perdoando seus adversários, mas se fala pouco, ou quase nada, do heroísmo da menina que se recusa a macular sua virgindade ante as solicitações da carne.
Perdoar os inimigos é um preceito de Nosso Senhor, é claro. Mas na nossa sociedade relativista e indiferente, eivada de tristes costumes, é capital falar de exemplos de pureza e castidade – mandamentos da Lei de Deus! – tão esquecidos ou escondidos.
História de Santa Maria Goretti
A vida desta Santa italiana já virou filme. Mas cumpre recordar que Maria Goretti nasceu em 1890, em Corinaldo, na província de Ancona, perto do Mar Adriático.
As convulsões sociais do fim do século XIX deixaram a península itálica em estado de miséria, especialmente nos campos, e a família Goretti foi obrigada a migrar para Ferriere di Conca, em busca de melhores condições. Luigi Goretti e Assunta Carlini tinham sete filhos. A segunda era Maria; em casa, Marietta.
Deus quis coroar a sua menina Maria com o sofrimento, já desde tenra idade, porque ainda muito jovem perdeu o pai, levado pela malária. Em nada deixou-se abalar a pequena. Buscando conforto na Fé, tomou a cargo o cuidado dos irmãos mais novos, enquanto a mãe trabalhava na lavoura.
Maria não era ociosa, nem vaidosa, nem caprichosa. Enquanto executava os serviços domésticos, encontrava tempo para catequizar seus menores e rezar. Esse ritmo de vida foi fundamental para preparar a alma de Goretti para travar o combate de sua vida: manter íntegra sua virgindade.
Bela de corpo e de alma, a formosura de Maria Goretti atraiu os olhos de um rapaz, chamado Alessandro Serenelli. Em ocasiões diferentes, o jovem por três vezes tentou a menina, a qual recusou com firmeza as ofertas. Na quarta, porém, vencido e humilhado pela virtude de uma garota, Serenelli partiu para a força bruta. Como Marietta se recusasse a ceder, Alessandro tomou uma faca e apunhalou-a.
Socorrida pouco depois, Maria Goretti morreu no hospital, depois de uma frustrada tentativa cirúrgica, sem anestésicos. Agonizando, ela perdoou o assassino.
Memória de Santa Maria Goretti
A fama da mártir da pureza espalhou-se pela Itália, pela Europa e pelo mundo, semeada não pelo vento, mas pela admiração de milhões e milhões. É verdade que o século XX foi o tempo de grande degradação moral, mas também é verdade que, no fundo de sua consciência, o homem sabe que as belezas de uma alma casta são irresistíveis.
Tal foi a fama de Marietta Goretti que por ocasião de sua canonização, em 24 de junho de 1950, compareceram à Praça de São Pedro quase meio milhão de fiéis. Fato inédito na História: no ato solene, estava presente a mãe da santa! Ali vieram naquele dia memorável também seus irmãos e… o assassino, que se convertera e pedira perdão publicamente.
Um milagre foi a conversão de Alessandro Serenelli. Outro ocorreu com um dos irmãos de “Santa Inês do século XX”. Durante a Primeira Guerra, Mariano Goretti, recebeu ordem de abandonar sua trincheira e avançar contra o inimigo. Contudo, naquele exato momento, apareceu-lhe sua irmã, dizendo que não deveria deixar o abrigo. Ele foi o único sobrevivente de sua companhia. Talvez o milagre maior tenha sido o fato de Mariano não ser julgado por nenhum tribunal militar…
Por que praticar a castidade?
Ou, como se diz hoje em dia, por que praticar a virgindade?
Aos olhos da quase totalidade da humanidade, a história de Maria Goretti, apesar de muito bonita, parece impossível de ser imitada. Com efeito, tal é a força das paixões desordenadas, tais são as situações de perdição moral, tal é a falta de apoio, que ninguém sente vigor para praticar a pureza.
Mas por que praticar a virgindade? Por que desejar o “impossível”?
A primeira pergunta. A virgindade não é um caminho para todos, mas a castidade, a pureza, o são. O 6º e o 9º mandamento são obrigatórios para todos: ninguém tem isenção dessa lei, mesmo os casados. É por isso que, de acordo com a Doutrina Católica, o ato conjugal, por exemplo, só pode ser praticado dentro do matrimônio.
Agora, é preciso deixar claro que Deus não é um juiz autoritário como os que conhecemos na atualidade. Não. Ele legisla conforme a verdade que Ele é, e não segundo caprichos irrefletidos. Portanto, a prática da castidade é um bem em si. Ora, sendo assim, o homem ou a mulher que querem ser puros – mesmo dentro do casamento – gozam de uma felicidade de alma indescritível.
Freud dizia que a repressão aos instintos causava traumas. Isso é falso. Nada nesta terra substitui a alegria real e profunda da pessoa que escolhe ser casta. É uma sensação de refrigério, conforto e paz que nenhum prazer mundano pode dar.
Mas praticar a pureza é um bem alcançável? Sim. A graça de Deus tudo pode. Quem realmente quer ser puro, comece por pedir a Nosso Senhor, por meio de Nossa Senhora: essa oração SERÁ atendida. Deus não pede de nós o impossível.
Um conselho simples. Não existe “meia” pureza. Ou seja, quem quiser realmente ser casto, deve ser sincero consigo mesmo, e buscar a pureza inteira, sem “pequenas concessões”.
Uma lição de vida
A castidade foi um bem querido e obtido por Santa Maria Goretti. Essa menina nos deixa o exemplo de que a castidade não é impossível. Ela nos dá a lição de que, ainda que apunhalados pelas amarguras da vida, nos lábios da pessoa casta, sempre haverá um sorriso de alegria verdadeira.
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