Na extremidade oriental da Navarra espanhola, num escarpado rochedo, ergue-se o Castelo de Xavier, onde nasceu o heroico missionário São Francisco Xavier.

Fotos; Wikipedia
Redação (25/08/2025 16:06, Gaudium Press) Descente dos reis de Navarra, São Francisco Xavier nasceu em 1506 e, desde menino, destacou-se por sua inteligência nas escolas que frequentou.
Aos 18 anos, foi estudar na Universidade de Paris e passou a residir nas dependências do Colégio Santa Bárbara, juntamente com Pedro Fabro, discípulo de Santo Inácio de Loyola.
Transcorridos alguns anos, seus pais, desejosos de que ele viesse ao Castelo Xavier durante as férias, consultam sua filha Madalena, Abadessa do Mosteiro de Santa Clara, na Província de Valência, a qual gozava de fama de santidade e possuía dons proféticos.
Madalena respondeu: “Deixai-o em Paris para estudar Filosofia e Teologia. Deus me revelou que Francisco era o vaso de eleição destinado a levar para as Índias o facho da Fé.”[1] Ouvindo isso seus pais agradeceram a Deus e concordaram que ele ficasse na capital da França.
Francisco conheceu Santo Inácio o qual sempre lhe dizia “De que serve ao homem ganhar todo o universo se vier a perder a sua alma?” Entretanto, muito vaidoso pelos seus progressos nos estudos universitários, não lhe dava importância.
Movido pela graça divina, fez um retiro meditando os “Exercícios espirituais”, converteu-se totalmente e passou a integrar o grupo dos discípulos do Santo.
Em 15 de agosto de 1534, numa capela da atual Basílica do Sagrado Coração de Montmartre, em Paris – onde, no século III, São Denis e seus companheiros foram martirizados –, juntamente com Santo Inácio e outros discípulos, fez os votos de pobreza, castidade e obediência ao Papa. Três anos depois, foi ordenado sacerdote em Veneza.

Castelo da família de São Francisco Xavier
Nomeado Núncio Apostólico
O Rei de Portugal João III pediu ao Papa Paulo III missionários para evangelizarem a Índia Portuguesa. O pontífice contatou Santo Inácio o qual indicou para essa heroica missão dois padres jesuítas: Simão Rodrigues e Francisco Xavier.
Assim que recebeu a ordem de viajar a Portugal, Xavier lembrou-se da profecia de sua irmã Madalena e dos sonhos que tivera comprovando essa missão.
Juntamente com o embaixador de Portugal na Santa Sé, partiu de Roma em 15 de março de 1540, levando consigo apenas seu Breviário. Passando pela Espanha, o diplomata perguntou-lhe se gostaria de visitar sua família, no Castelo Xavier. “Temendo as afeições familiares como inimigos do espírito apostólico”,[2] ele agradeceu dizendo que veria seus parentes no Céu.
Depois de três meses de viagem, chegaram a Lisboa e os dois jesuítas foram recebidos pelo monarca que lhes ofereceu aposentos no Palácio real, mas eles preferiram residir num hospital da capital.
O rei desejou a permanência de ambos em Portugal, mas Santo Inácio decidiu que Simão ali ficaria e Francisco viajaria para as Índias.
Pouco antes de partir, Xavier recebeu breves pontifícios, nomeando-o Núncio Apostólico e recomendando-o junto aos soberanos da África e da Índia.
Afonso de Albuquerque, Leão dos Mares
Em abril de 1541, embarcou num navio no qual se encontrava o governador da Índia portuguesa Martim Afonso de Souza – que havia sido o primeiro donatário da Capitania de São Vicente, no Brasil –, bem como vigorosos homens de negócio.
“Imbuído de um anelo muito superior ao dos mais audaciosos comerciantes da época: ele ia em busca de almas para Nosso Senhor Jesus Cristo.
“Viaja com o coração estraçalhado de dor diante das devastações que a Pseudo-Reforma produzia na Cristandade europeia, e talvez pensasse: ‘Vou para a Índia, Japão, China, convidar novos povos e almas ainda não evangelizadas a corresponderem à graça, e assim trazê-las para a Fé católica que agora se mostra abalada no Ocidente’”.[3]
O principal batalhador que conquistou as Índias portuguesas foi Afonso de Albuquerque (1462-1515), cognominado Leão dos Mares.
Descendente da família real portuguesa, sua epopeia foi celebrada por Camões na obra “Os Lusíadas”, Canto X (estrofes 40 a 49).
Após cinco meses de navegação, chegaram a Moçambique onde permaneceram alguns dias, durante os quais Francisco fez apostolado.
Em maio de 1542, treze meses depois de terem deixado Lisboa, abordou Goa, capital da Índia portuguesa, a qual havia sido conquistada por Albuquerque, em 1510, após terríveis batalhas nas quais morreram 6.000 dos 9.000 muçulmanos ocupantes da cidade.
Os lusos catequizaram os habitantes, mas quando Francisco ali chegou havia grande decadência moral e até ídolos monstruosos eram adorados. Por sua presença e pregações, ele converteu inúmeros portugueses e indianos.
Pregou também em Travancor e Cochin. Falando em português, os indianos entendiam suas palavras, pois ele recebera o dom das línguas. Operou vários milagres, entre os quais a ressurreição de mortos.
Em abril de 1545, visitou São Tomé de Meliapor onde rezou junto ao túmulo do Apóstolo São Tomé que evangelizara a Índia.
Em carta de 1545 aos jesuítas de Roma, diz: Na Índia “num mês batizei mais de dez mil pessoas. (…) Depois de batizá-las, mando derrubar as casas onde tinham seus ídolos e ordeno que rompam as imagens dos ídolos em pequenas partes”.[4]
Um caranguejo carrega seu crucifixo
Esteve nas Molucas – arquipélago da Indonésia – onde converteu quase toda população, e em Malaca, na Malásia, a qual fora conquistada em 1511, pelo heroico Albuquerque, mas caíra na corrupção moral.
Percorrendo as ruas de Malaca com uma sineta na mão, convidava as pessoas para assistirem suas pregações. Realizou muitas conversões e a ressurreição de dois mortos. Escreveu um Catecismo em língua malaia.
Durante uma de suas viagens por mar, houve uma terrível tempestade nas proximidades de Malaca. Enquanto ele rezava no convés do navio, seu crucifixo caiu nas águas.
No dia seguinte, desembarcou numa ilha e, caminhando pela praia, viu um caranguejo transportando o crucifixo em sua direção. Tendo o varão de Deus se ajoelhado, o crustáceo largou o crucifixo diante dele e desapareceu no mar.
É comum encontrarem-se no Estreito de Malaca caranguejos marcados por uma cruz na carapaça, conhecidos como “caranguejos de São Francisco Xavier”.
Desejando ardentemente combater o pecado e salvar almas, rumou para o Japão.
Por Paulo Francisco Martos
Noções de História da Igreja
[1] DARRAS, Joseph Epiphane. Histoire Génerale de l’Église. Paris: Louis Vivès. 1884, v. 34, p. 27.
[2] Idem, ibidem, p. 225.
[3] CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. São Francisco Xavier e o autêntico idealismo. In Dr. Plinio. São Paulo, ano X, n. 117 (dezembro 2007), p. 25.
[4] MORAZZANI ARRÁIZ, Pedro. EP. Para a maior glória de Deus. In Arautos do Evangelho. São Paulo. Ano, IV, n. 47 (novembro 2005), p. 20.
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