Na solenidade dos Apóstolos Pedro e Paulo, a Santa Igreja nos convida a um amor sem reservas a Deus, nosso Senhor.
Redação (01/07/2023 17:42, Gaudium Press): Dentre o conjunto da liturgia escolhida para a Solenidade dos Apóstolos Pedro e Paulo, o Evangelho da Missa da Vigília relata o diálogo de Nosso Senhor com São Pedro, em que o Mestre o interroga três vezes acerca de seu amor:
“Naquele tempo, Jesus se manifestou a seus discípulos e, depois de comer com eles, perguntou a Simão Pedro: ‘Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?’” (Jo 21,15)
Entrementes, quando analisados os textos do Evangelho em seu idioma original, é possível captar matizes assaz interessantes para o aprofundamento das circunstâncias neles narradas.
Em se tratando do Evangelho de São João, escrito em Grego, os exemplos superabundam, como prova este diálogo entre Cristo e Pedro.
Nas duas primeiras vezes, Jesus pergunta se ele O amava com o amor que se deve exclusivamente a Deus (ἀγαπᾷς). Pedro, porém, a ambas responde que O amava com um amor de amigo (φιλῶ). Na terceira vez, Jesus perguntou-lhe, então, se O amava como a um amigo. E São Pedro, tendo ficado triste pelas três perguntas, e caindo em si, respondeu-Lhe que sim, que o amava como a um amigo (cf. Jo 21,15-17).
Que preciosa lição para nós! Recordemo-nos que esse sublime diálogo deu-se após a Ressurreição de Nosso Senhor, isto é, depois de Jesus já ter outorgado o poder das chaves ao príncipe dos Apóstolos.
Ora, sendo o maior entre os doze, eleito por Deus para ser o primeiro Papa, São Pedro foi constituído como cabeça do Corpo Místico de Cristo na Terra, razão pela qual lhe era exigido também ser modelo de um amor íntegro e sem reservas a Deus, nosso Senhor, para todo o rebanho que lhe fora confiado.
Na cena em questão, tudo parece indicar que Nosso Senhor não pretendeu insinuar que São Pedro não O amava realmente, pois a vida do Apóstolo bem demonstrava ser ele um fervoroso seguidor de Cristo, mais do que os outros discípulos, como se vê no trecho recolhido para o Evangelho da Missa do Dia:
“Jesus perguntou aos seus discípulos: ‘Quem dizem os homens ser o filho do homem?’ Simão Pedro respondeu: ‘Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo’” (Mt 16,13; 16).
No entanto, o amor de Pedro a Jesus precisava ser acrisolado e purificado para ser íntegro. Apesar de ser grande a fé de Pedro, visto que ele havia reconhecido e proclamado a Divindade do Messias, imperfeito era ainda o seu amor.
Nosso Senhor queria, deste modo, dentre outras razões, gravar em nossos corações que não podemos nos contentar com o patamar em que se encontra nosso amor a Ele, mas sempre procurar torná-lo mais elevado e puro.
Com efeito, o amor, por mais que seja infundido por Deus em nossas almas no momento do Batismo, se não é exercitado continuamente, ao invés de ficar estagnado, põe-se a definhar…
Por outro lado, quem muito ama, é capaz de sacrificar-se pelo Amado e, se for preciso, dar por Ele a própria vida. Isso é o que verificamos nas vidas destes dois ínclitos Apóstolos celebrados hoje. São Pedro e São Paulo, uma vez chamados por Deus, entregaram-Lhe totalmente seus corações, como proclama Paulo: “Não sou eu quem vivo, mas é Cristo quem vive em mim” (Gal 2,20). Por esta razão é que essas duas colunas da Igreja nascente foram capazes de expandir a fé e anunciar o Evangelho pelo mundo inteiro, pois Aquele a quem tanto amavam, estava sempre agindo em suas pessoas.
Contudo, caro leitor, se a nós católicos aparecesse hoje Nosso Senhor e nos perguntasse se o amamos, o que responderíamos? Que o amamos com um amor íntegro, ou que nosso amor é…?
Por intermédio dos Apóstolos Pedro e Paulo, peçamos que Deus nos obtenha a graça de um amor total e exclusivo a Ele.
Por Guilherme Maia
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