InícioNotícias da IgrejaScanderbeg, campeão e escudo da Cristandade

Scanderbeg, campeão e escudo da Cristandade

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No século XV, surgiu na pequena Albânia um grande guerreiro, casto e devoto da Santíssima Virgem, que infringiu muitas derrotas aos turcos maometanos: Scanderbeg.

Foto: Wikipedia

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Redação (18/01/2025 11:29, Gaudium PressScanderbeg veio ao mundo em 1405, na cidade de Cruja, e recebeu o nome Jorge Castriota, pois seu pai, Príncipe de Cruja e governador da região, chamava-se João Castriota.

Tinha nove anos de idade quando os turcos o levaram com seus três irmãos mais velhos, como reféns, a Andrinopla – atual Edirne – no Noroeste da Turquia.

Circuncidado, foi educado com os filhos do sultão Murade II. Seus irmãos foram lançados num cárcere e envenenados aos poucos até morrerem.

Devido às suas altas qualidades morais e físicas, chamavam-no de Alexandre, o Príncipe – Skander Bey, em turco –, depois mudado pelos albaneses para Scanderbeg. Tornando-se general do exército, derrotou várias tropas que atacavam o império otomano.

Em 1443, nomeado pelo sultão Generalíssimo, recebeu ordem de atacar a Hungria cujo exército, comandado por João Hunyadi, se compunha de 20.000 homens. E o número de atacantes turcos era 80.000.

Scanderbeg, que abominava o maometanismo, combinou com 300 católicos albaneses integrantes do exército otomano um estratagema.

Na hora do embate, ele passou a lutar pelos húngaros e derrotou os turcos: 30.000 deles morreram e 4.000 foram feitos prisioneiros.

Varão casto e devoto de Nossa Senhora

Logo depois, Scanderbeg dirigiu-se à sua querida Albânia, onde exterminou os inimigos da Fé e mandou tocar os sinos das igrejas, os quais permaneciam silenciosos havia vinte anos.

Ardendo de ódio, Murade II enviou 40.000 cavaleiros para esse país a fim de trazerem de volta Scanderbeg. A Albânia não possuía exército, mas o varão de Deus reuniu 15.000 combatentes, cuja imensa maioria era de montanheses, que venceram os otomanos.

Dois novos exércitos turcos para lá se dirigiram e foram esmagados pelos albaneses. Ao final, houve batalhas corpo a corpo e os 72 islamitas que permaneciam vivos se renderam.

Scanderbeg era alto, magro, de ombros largos, peito proeminente, pescoço longo, fronte alta, olhos fogosos e voz potente. Ardente devoto de Nossa Senhora, casto, possuía um trato nobre e elevado.

Admirando seus feitos heroicos defendendo a Igreja e derrotando os maus, Nicolau V – papa de 1447 a 1455 – chamou-o de “campeão e escudo da Cristandade”[1].

Traições contra o guerreiro de Deus

Em 1452, sob as ordens do novo sultão Maomé II, 12.000 turcos invadiram a Albânia e foram derrotados. No ano seguinte, enviou tropas mais numerosas e o mesmo lhes sucedeu. Ele, então, prometeu honras a quem traísse Scanderbeg.

Um albanês dirigiu-se a Constantinopla, conquistada pelos turcos, e prometeu ao sultão trazer a cabeça do varão de Deus se lhe concedesse a coroa da Albânia. Maomé forneceu-lhe 20.000 soldados.

Ao invadirem o país encontraram tal resistência que mais de 10.000 turcos pereceram e o traidor fugiu. Pouco tempo depois, voltou à Albânia e pediu perdão a Scanderbeg, o qual concedeu a remissão e ordenou-lhe integrar seu exército. Ele morreu lutando contra os otomanos.

Outra infame traição foi praticada por um dos seus sobrinhos, o qual viajou a Constantinopla onde renegou a Igreja Católica. Nomeado vizir, em 1457, reuniu 50.000 islamitas e invadiu a Albânia.

Haviam dominado grande parte do país, quando surgiu Scanderbeg “veloz como um raio”, comandando 15.000 mil montanheses, que os derrotou.  30.000 turcos pereceram e 1.500 foram presos, entre os quais o sobrinho traidor. Por ordem do varão católico, enviaram-no de volta ao sultão, que o matou por envenenamento.

Capitão Geral pontifício contra os turcos

Elmo original de Skanderbeg no Museu de Arte de Viena. Foto: Wikipedia

Elmo original de Skanderbeg no Museu de Arte de Viena. Foto: Wikipedia

Maomé II remeteu carta a Scanderbeg na qual recordou o convívio de ambos quando meninos e pediu-lhe enviar seu filho a Constantinopla, como refém…

Em sua resposta, o heroico guerreiro rechaçou essa infame proposta e assinou-a com estas palavras: “Scanderbeg, Príncipe dos epirotas e albaneses, e soldado de Jesus Cristo”. Epiro era uma região que abrangia partes da Grécia e da Albânia.

Calixto III – papa de 1455 a 1458 – louvou esse herói que “de modo excelente sobrepujou na Fé e na Religião Cristã a todos os Príncipes católicos.”[2] E nomeou-o Capitão Geral pontifício contra os turcos.

No reinado de seu sucessor Pio II, o invicto guerreiro viajou a Roma e foi recebido pelo papa. Em 1459, o pontífice reuniu em Mântua – Norte da Itália – diversos príncipes católicos para organizarem uma Cruzada contra os otomanos, sob o comando de Scanderbeg, mas aqueles não corresponderam ao chamado do chefe da Igreja.

Maomé II reuniu 200.000 homens com o objetivo de esmagar a Albânia. O heroico Príncipe viajou novamente a Roma e pediu ajuda a Pio II. Mas, na Cidade Eterna, ninguém quis ser cruzado. Scanderbeg voltou ao seu país e, prosternado diante do afresco da Virgem de Scútari, suplicou o auxílio da Mãe de Deus.

Desejando dirigir ele mesmo a Cruzada, Pio II foi a Ancona – porto italiano no Mar Adriático – para navegar à Albânia e encontrar-se com Scanderbeg, mas faleceu em agosto de 1464.

Agonizante, derrota os inimigos da Fé

Em 1466, Maomé com seu imenso exército sitiou Cruja, onde se encontrava Scanderbeg comandando apenas 13.400 montanheses. Após um cerco de seis meses, os maometanos foram derrotados e o sultão fugiu.

Em janeiro de 1467, o Príncipe albanês sentiu diminuir suas forças. Foi ao Santuário de Scutari agradecer a Nossa Senhora as vitórias que obtivera. Ela reconquistara seu reino, e ele o restituía à Virgem. Colocou-o sob a proteção de Veneza para resguardar a Santa Imagem do vandalismo turco…

Dirigiu-se a um palácio de Lezhe, onde confessou-se e recebeu a Eucaristia. Acamado, entrou em agonia e os suores da morte cobriam sua face. De repente, ao raiar do dia ecoaram gritos provenientes das muralhas: Os turcos estão aqui!

Scanderbeg reabriu os olhos, levantou-se e ordenou que lhe trouxessem as armas e o cavalo. Pleno de santa cólera, atacou os turcos que fugiram espavoridos.

Voltou ao palácio, agradeceu a Nossa Senhora e, durante o crepúsculo, entregou sua a alma a Deus: era o dia 17 de janeiro de 1467.[3]

Por Paulo Francisco Martos

Noções de História da Igreja


[1] LLORCA, Bernardino; GARCÍA-VILLOSLADA, Ricardo. Historia de la Iglesia Católica: Edad Nueva. 5. ed. Madri: BAC, 2005, v. 3, p. 375.

[2] Idem. Ibidem. p. 375.

[3] Cf. CLÁ DIAS, João Scognamiglio, EP. Mãe do Bom Conselho. São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae. 3. ed. 2016, p. 79-105.

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