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Se Nero quisesse vacinar Roma

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Aquele que culpou a Igreja de espalhar esse novo “vírus”, cedo revelou-se o pior contágio para a sociedade.

Redação (18/04/2021 10:52, Gaudium Press) O povo de Roma, reunido, vocifera às portas do palácio. O que deseja? Fazer uma revolução? Não propriamente. Reclama por alimento? Embora a situação econômica da Urbe esteja bastante abalada, não é isso que pede. O que quer ele então? Muito simples: a morte daquele que responde pelo título de “Pontífice”. Mas por que uma atitude tão drástica? Seu procedimento está intolerável, e como dialogar com quem acredita ser Deus e tem muito poder nas mãos? A única solução é lançá-lo no Tibre…

Estamos em junho do ano 68 d.C., às portas do palácio do imperador Nero.

O que aconteceu para tanto ódio contra seu soberano?

O vírus do fogo

Como todos os anos, Roma teve de aturar um verão tórrido em 67. Sem chuvas, as eternas fontes começaram a secar. Tiveram que usar as reservas de água (destinadas a apagar um eventual incêndio) para matar a sede: o óbvio aconteceu…

Após seis dias ardentes, só quatro das quatorze regiões da cidade escaparam ilesas ao incêndio, que se propagou mais rápido do que qualquer epidemia. Antes de procurar uma “vacina”, os cidadãos precisavam encontrar o “transmissor”.

Quem costuma abusar do poder, acaba sendo o primeiro a ser acusado de qualquer problema; se não tem essa culpa, possui outras… Não demoraram a responsabilizar Nero pelo incêndio: acaso não deve ser culpado, uma vez que enquanto Roma ardia ele compunha, inspirado pela infernal visão, versos sobre o incêndio de Troia?

A fim de salvar a sua pele, o césar precisava transferir a raiva geral para outrem. Por sugestão de sua esposa, Sabina Poppea, esta recaiu sobre os cristãos — aquela seita do judaísmo, que vivia como os judeus, mas não era aceita por eles.

Coincidência: para evitar novos “contágios”, a primeira providência foi reprimir as atividades da Igreja… De fato, para evitar um novo incêndio, mais do que abastecer as reservas de água, mais do que reforçar os vigias responsáveis por combater incêndios, mais do que qualquer coisa, é preciso parar o culto católico! Nada mais evidente.

Precaução sanitária ou perseguição religiosa?

Inicia-se a “vacinação” do Império contra a “doença do Cristianismo”: a primeira grande perseguição à Igreja; o anfiteatro do Vaticano (único que não foi destruído) se enche de vítimas; homens, mulheres e crianças são lançados às feras; virgens são violadas, antes de serem assassinadas; uma simples acusação basta para tornar um inocente réu de morte.

Curioso analisar que as autoridades já não se preocupavam se os cultos ofereciam algum risco ao Império. Até parecia que a Santa Missa e os demais Sacramentos eram de si os grandes “transmissores” desse “vírus do fogo”.

Aos olhos dos homens o imperador era um defensor da saúde pública — ao menos ele acreditava nisso — porém aos olhos de Deus (e da História) era perseguidor da Igreja.

Deus não podia ficar indiferente.

O verdadeiro contagiado foi descoberto

Passados poucos anos, após ter feito loucuras, injustiças e impiedades, o Divus Nero,[1] em vez de reconstruir a cidade e dar moradia ao povo, empregou os tesouros e construtores do Império para que se levantasse um suntuoso palácio-cidade, como jamais se vira antes, chamando-o Domus Aurea (Casa de ouro): os cidadãos se indignaram.

Pior: o príncipe, não querendo partilhar das agruras da capital, empreendeu uma viagem à Grécia, não por motivos políticos, mas unicamente para gozar a vida, chegando ao ponto de ele mesmo figurar em espetáculos teatrais!

Assim são os tiranos: quando o seu território está numa fase muito complicada, não ficam para ajudar de perto; contentam-se em decretar leis e fogem para se divertir.

O povo percebeu que a “vacina” da perseguição anti-cristã não resolveu o problema. Certamente ele era o verdadeiro “contagiado”, que com suas “vacinas” transmitia outras doenças mais mortíferas, e decidiram “curá-lo”.

Na madrugada de 9 ou 10 de junho Lucius Claudius Nero, foi despertado pela gritaria da multidão que desejava matá-lo. “Morte ao matricida!”, exclamavam — o povo pensava na mãe do imperador,[2] e Deus na Santa Madre Igreja: o mesmo castigo serviu para os dois crimes.

O vírus é eliminado

Se até então estava otimista e confiante em si, nesse momento, foi tomado de terror: abandonado pela guarda pretoriana, sem parentes nem amigos (pois tinha mandado assasiná-los), odiado por todos, viu que seria obrigado a mergulhar no Tibre, dentro do costumeiro saco.[3] Temendo a “vacina” do povo, decidiu suicidar-se.

Assim se encerraram os dias daquele que se julgava onipotente.

Ele cria que, atacando a Igreja, firmava o seu poder e conquistava a estima do povo; na realidade, não conseguiu destruir a “infectada”, e muito menos ser considerado o salvador poderoso.

De fato, Deus não permite que sua Igreja fique doente; Ele sempre a cura de qualquer enfermidade.

O que faria Nero hoje se quisesse vacinar Roma?

Por Cláudio Neves


[1] Do latim: “Divino Nero”.

[2] De fato, Nero, desconfiando que sua mãe lhe tramasse a morte, decidiu matá-la antes.

[3] O Direito Romano determinava como castigo ao matricídio que o criminoso fosse amarrado numa bolsa de couro e lançado num rio.

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