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Ser rico diante de Deus

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O que é ser rico diante de Deus? A liturgia deste 28º Domingo aborda uma verdade muitas vezes esquecida pela sociedade moderna.

Redação (10/10/2021 14:29, Gaudium Press): O Evangelho deste domingo centra a atenção em uma verdade muitas vezes esquecida pela sociedade moderna. A atitude de negação do moço rico perante o pedido de entrega feita por Nosso Senhor e o consequente abatimento e tristeza bem representam a reação do mundo contemporâneo face às contradições e fracassos da vida: não se conformam com o modo de a Sabedoria divina agir nas almas ao longo da História.

Vem e segue-me!

A primeira leitura trata do “espírito de sabedoria” que se move em direção ao homem, fazendo-o assim, almejá-la acima de todas as honras, riquezas e poderes terrenos:

“Preferi a sabedoria aos cetros e tronos e, em comparação com ela, julguei sem valor a riqueza” (Sab 7, 8).

            Muitos há que se perguntam: como obter a felicidade? A resposta parece ser simples: fazer a vontade de Deus. Todavia, como custa muitas vezes aceitar as decisões de Deus, sobretudo quando elas indicam um caminho que não desejamos e não queremos transitar. Esta foi justamente a reação do moço rico, descrita no Evangelho de São Marcos:

“Bom mestre, que devo fazer para ganhar a vida eterna? [Respondeu-lhe Jesus:] Só uma coisa te falta: vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me!” (Mc 10, 17-21).

Este jovem podia esperar qualquer resposta de Nosso Senhor, menos aquela que seus ouvidos acabaram de escutar. Jesus “olhou-o com amor” (Mc 17, 21), convidando-o a um imenso chamado de ser um dentre os apóstolos. A resposta foi uma negação instantânea; e uma profunda tristeza tomou conta daquela pobre alma. Por que? O apego aos próprios critérios fez com que ele não recebesse com alegria o mandato divino de entregar tudo e segui-Lo.

Ora, Deus não podia ter esclarecido, dando-lhe as razões de tão exigente entrega? Não. A Divina Sabedoria queria provar o seu amor, dizendo no fundo de seu interior: Faze o que lhe peço, e terás a alegria e a paz que tanto almejas. Tu não encontrarás a felicidade nas riquezas e honras deste mundo, mas somente em mim terás o descanso que tanto procuras. “Vinde a mim tu que estais cansado e fatigado sob o peso de teus fardos, e eu te darei descanso. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Cf. Mt 11, 28-30). Infelizmente, a rejeição foi sua resposta.

Quantos há que preferem seguir os próprios critérios e caprichos, trilhando um caminho para si mesmos. Recusam e rejeitam as determinações da Sabedoria Divina, revoltam-se diante das incompreensões deste “vale de lágrimas”. Estes representam nitidamente a imagem do mundo presente: “abatido” e “triste”.

Como então, se tornar rico diante de Deus? Desapegando-se deste mundo e aceitando os seus desígnios com mansidão de alma, pois deste modo obterão “um tesouro no céu” (Mc 10 21).

Troféus de glória

Verdadeiro exemplo de sujeição a Deus foram os santos. Conta-se que no século XI, em plena Idade Média, São Roberto,[1] um monge beneditino, ansiava por ver em seus irmãos de hábito exímios praticantes da regra de São Bento e homens realmente ardorosos e piedosos nos seus deveres de piedade. Este seu desejo levou-o a reformar a ordem, juntamente com Santo Alberico e Santo Estêvão Harding, fundando uma primeira abadia em Cister (região francesa da Borgonha), futuramente conhecida como ordem dos Cistercienses.

Contudo, até a consecução desta reforma, várias dificuldades apresentaram-se ao longo do caminho. Muitos monges, acomodados com a medíocre rotina levada dentro dos claustros, opuseram grande resistência aos planos de São Roberto. Certa feita, um monge, que o santo conhecera desde os primórdios de sua vida beneditina, ao evidenciar o seu fracasso na tentativa de reformar o mosteiro de Saint Michel (Tonerre, França), disse-lhe:

– Poderás suportar outro fracasso, indo agora, para a Abadia de Saint Ayol?”

– Posso? – interrogou o santo olhando para um crucifixo – Tonerre fez-me ficar de joelhos diante do Crucificado, pedindo e implorando seu auxílio, e ali, aprendi a lição da Cruz! O cristianismo não é um culto que leva ao êxito pessoal!

Prosseguiu São Roberto:

– Compreendem agora por que não tenho medo do fracasso? – E olhando novamente, sem tirar os olhos do crucificado, continuou: – Para mim, o fracasso não existe! Para as almas que se conformam com a vontade divina, os “fracassos” não são motivo de desânimo, mas são troféus de glória que os conduzem ao Céu.

Por Guilherme Motta


RAYMOND. Mary. Três monges rebeldes. Dois Irmãos: Biblioteca Católica, 2018, p. 110-111.

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