InícioCatecismoSantos da IgrejaUm Santo Japonês, você o conhece?

Um Santo Japonês, você o conhece?

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“Fomos nós mesmos que jogamos esta terrível bomba sobre nossas cabeças”…

Afirmou o audacioso servo de Deus, o médico Paulo Takashi Nagai (1908-1951) logo após o bombardeio de Nagasaki, naquele terrível 9 de agosto de 1945, há 72 anos.

Quando disse isso, a população de Nagasaki sobrevivente ao ataque nuclear americano ficou revoltada com seu discurso, mas, nada intimidado, ele enfrentou a multidão e disse que a solução para aquela tragédia estava na oração. Convidou, assim, todos a rezarem o terço e a oferecerem a Deus aquele terrível holocausto. Poderia parecer demagogia barata de pacifistas esquerdóides do Green Peace, mas Takashi Nagai, que atendera centenas de pessoas queimadas, tinha apenas acabado de encontrar o que sobrara de sua amada esposa Midori: um pedaço queimado de sua coluna vertebral. O pobre médico perdeu absolutamente tudo com a bomba, menos a Fé Católica Apostólica Romana.

Na juventude, quando começou a fazer medicina, Takashi Nagai não demorou para se perceber ateu e que apenas a ciência poderia oferecer respostas razoáveis ao mundo. Ao ver, contudo, durante a cruel ocupação japonesa da China, a ajuda que católicos vicentinos do Japão e da China se prestavam mutuamente, em um gesto de genuína caridade que superava a inimizade oficial, ficou profundamente impressionado com a religião Católica. Buscou entende-la e, lendo o filósofo católico Pascal, fez uma pergunta rara de se fazer entre os japoneses: qual o sentido da vida?

Atordoado e sem conseguir mais resistir, pediu o batismo e escolheu para si o nome do apóstolo da caridade, São Paulo – que lhe era, assim como para Pier Giorgio Frassati, a leitura bíblica favorita. Passou a ser um católico atuante na comunidade, atendia pobres gratuitamente, fazia grandes sacrifícios pela ciência e tinha profunda vida de oração. Havia se encontrado com o Sentido último, Jesus Cristo.

Poucos sabem, mas Hiroshima e Nagasaki eram as cidades mais católicas do Japão. Quando as ogivas nucleares foram detonadas sobre essas cidades, muitas católicos literalmente evaporaram. Os padres que, no momento da bomba, estavam atendendo confissões na catedral de Urakami, por exemplo, foram encontrados totalmente carbonizados sob os destroços daquela que era a maior igreja católica do oriente, fundada diretamente por São Francisco Xavier. Mas a pior parte ficou para os sobreviventes: as terríveis sequelas da radioatividade, órfãos desamparados aos milhares, agonizantes queimados cheios de moscas e larvas se proliferando nas feridas abertas, pessoas em surto esquizofrênico, etc. Também nisso, por providência do Senhor, a bondade de Paulo Takashi Nagai procurou tratar, confortar e orientar. A Igreja fez-se presente nessa tragédia da História e foi, talvez, a maior vítima dela.

Para ele, a guerra não era culpa dos americanos, mas do Homem que não tinha Deus, que não buscava a Paz e isso, sabia bem, incluía o regime militarista japonês, iniciador dos conflitos. Tornou-se referência internacional da luta pela paz. Para própria surpresa, recebeu a visita do Imperador Hiroito em pessoa e, inclusive, ganhou uma grande imagem de Nossa Senhora de Evita Perón, primeira dama argentina. Encontrou-se várias vezes com São Maximiliano Kolbe e pressentiu sua morte no campo de concentração nazista. Devido a experimentos científicos em radiografia, passou a sofrer de leucemia. Começou a viver em uma pequena cabana, na pobreza, onde recebia diariamente a visita de pessoas em busca de orientação. Recomendava a todos o perdão.

Por causa da postura penitente e católica de Takashi Nagai, há uma gigantesca diferença entre as cidades de Hiroshima e de Nagasaki: enquanto na primeira fazem-se protestos revoltosos no dia 6 de agosto, na segunda, o dia 9 de agosto traz um clima de profundo lamento, de perdão, de oração pela paz.

Morreu em 1º de maio de 1951 e deixou dois filhos ainda pequenos.

Dr. Takashi Nagai, um verdadeiro santo que enfrentou pessoalmente a bomba atômica, é um grande exemplo de conversão, do apostolado católico da dedicação profissional, da busca do sentido da vida em uma sociedade que despreza a religião.

Que esse santo servo de Deus nos ajude a sermos instrumentos de paz neste mundo de guerras.

“Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus”. Mateus 5, 9

Fonte: Os Sinos de Nagasaki (長崎の鐘)

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