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Vítima, alimento e amigo

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Genuflexos diante do mistério do Natal, consideremos três modalidades da presença eucarística de Jesus: como Vítima, como alimento e como amigo.

Redação (02/12/2020 12:23, Gaudium Press) Dezembro! Genuflexos diante do mistério do Natal, consideremos três modalidades da presença eucarística de Jesus: como Vítima, como alimento e como amigo.

Vítima. Esta forma de presença nos é clara e evidente, sendo uma das verdades centrais de nossa Fé que Cristo morreu na Cruz para nos redimir.

Foi no marco de sua Paixão que, no Cenáculo, Nosso Senhor instituiu a Eucaristia anunciando e antecipando sua imolação: “Este é o meu Corpo que será entregue, este é o meu Sangue que será derramado”. No dia seguinte, consumou o sacrifício no Calvário.

Na Missa, o mesmo sacrifício da Cruz é renovado e atualizado sobre o altar, embora de forma incruenta. Pela Cruz se operou a Redenção; através da Missa, essa Redenção se perpetua e é aplicada aos fiéis. Por isso, a celebração eucarística é, antes de tudo, um culto sacrificial, uma oblação, ainda que uma certa teologia errônea a apresente como se fosse principalmente uma festa ou um jantar.

Mas já na manjedoura, o Menino Jesus se oferece ao Pai. Todos os inconvenientes daquela noite fria de inverno naquela gruta, depois que as portas e os corações da cidade foram fechados, são redentores. A madeira da manjedoura prefigura a árvore da Cruz, e os panos que envolviam o Menino, o sudário que acolheu o seu corpo morto. Hoje, como se sabe, o Santo Sudário é venerado em Turim, e algumas tábuas da manjedoura, em uma Basílica de Roma. São relíquias de imenso valor… que são pouco, ao lado da presença real eucarística!

Alimento. Jesus se definiu como “Pão da Vida” e instituiu o Sacramento para se dar como alimento. Trata-se de um alimento completo, não simbólico, nem suposto ou evocativo, de um alimento que sustenta e fortalece a vida da alma que caminha para a Pátria. O capítulo VI do Evangelho de São João trata da Eucaristia como alimento necessário para a salvação. É por isso que se diz com razão que a Comunhão já é o céu na terra e semente de glória.

É sugestivo que nas línguas daquela região, Belém signifique “casa da carne” em árabe e “casa do pão” em hebraico. Outro fato eloquente: a Criança estava reclinada em uma manjedoura, um recipiente onde os animais se alimentam. Alimento… e os Anjos, os pastores e os magos que chegaram junto com o Menino, não são uma figura antecipada das legiões de adoradores e comungantes?

Amigo. Esta visão parecerá, para alguém que esteja afetado por resquícios do rigorismo jansenista, muito “humana” ou, talvez, até atrevida. Esse objetor dirá que a distância infinita entre o Criador e a criatura torna a proximidade e a amizade impossíveis. Não é assim, e a pequenez frágil, graciosa e acolhedora do recém-nascido na humilde gruta, nos introduz nesta realidade.

“Deus é amor” (1 Jo 4, 16) Será o amor -palavra tão deturpada- apenas um sentimento nobre, uma afeição vivida intensamente, um palpite passageiro? “O amor é paciente, o amor é bondoso. Não tem inveja. O amor não é orgulhoso. Não é arrogante. Nem escandaloso. Não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acabará” (1 Cor 13, 4-8). Mas, atenção, amor não é “algo”, mas “Alguém”.

Porque se diria que todas essas virtudes delineadas por São Paulo se aplicam a pessoas boas, excelentes, santas, mas apenas às criaturas humanas. Também a Deus? Sim, a Deus, que, em substância, é essas e todas as demais virtudes. A Deus que, além disso, assumiu nossa natureza. Releiamos o texto paulino e apliquemos cada um desses traços ao nascido em Belém que bem poderia fazer parte de seu pedido de desculpas.

A verdade é que, para tratar destes temas inefáveis, faltam palavras adequadas para expressar o encanto suscitado pelo mistério do Amor eterno, pródigo e gratuito do Senhor. Sim, Jesus é o mais fiel e excelente dos amigos.

Na Bíblia, vemos uma amizade íntima entre Ruth e Noemi, ou entre Davi e Jônatas… pois são pálidos reflexos da que o Salvador deseja manter com cada batizado. Sempre desejoso de relacionar-se: “As minhas delícias são estar com os filhos dos homens” (Prov. 8, 31), Ele quis ficar no Sacramento da Eucaristia precisamente para comunicar-se com os seus, “a quem chamou de amigos” ( Lc 12, 4). Além disso, declarou: “Este é o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei. Ninguém tem amor maior do que aquele que dá a vida pelos seus amigos”. (Jo 15,12-13) Ele chegou a dar a vida… pelos seus inimigos!

Assim sendo, ao recebê-lo na Comunhão, não o imaginemos chegando ao nosso encontro com desgosto, com ar de inquisidor. Ele vem da mesma forma como entrava na casa dos enfermos que ia curar: com afeto, semblante sereno, cheio de bondade, pronto para nos ouvir e ansioso para nos fazer bem. E naquela pequena “gruta” que é o tabernáculo, ou nessa dilatada “manjedoura”, o altar, onde o Senhor desce e repousa sobre os corporais, sempre nos espera para dar-nos os benefícios redentores de uma refeição e de uma amizade privilegiadas.

Diante de tanta exuberância de amor assim manifestada -prenda de dons ainda maiores Daquele que não se deixa vencer em generosidade- surge uma pergunta: O que a Providência nos reservará para os dias incógnitos vindouros?

Uma coisa é certa: “Por fim o meu Imaculado Coração triunfará”, profetizou a Mãe em Fátima. É certo que o Coração da Esposa do Divino Espírito Santo nos surpreenderá com novas, grandes e surpreendentes graças. Por exemplo, fazendo ainda mais próxima e sensível a presença de ambos -Marido e Mãe- em um mundo regenerado: será uma era eucarística e marial, o Reino de Maria.

Mairiporã, Brasil, 1º de dezembro de 2020.

Por Padre Rafael Ibarguren EP – Assistente Eclesiástico das Obras Eucarísticas da Igreja

Traduzido por Emílio Portugal Coutinho

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