Durante o percurso de Nazaré a Jerusalém, São José sonhou que um Anjo lhe aparecia e punha em suas mãos uma pomba branca, pedindo que custodiasse sua pureza.
Redação (14/03/2024 10:03, Gaudium Press) Segundo as práticas da época Simeão propôs ao sumo sacerdote que, sendo Nossa Senhora órfã, seu esposo fosse escolhido diretamente pela Providência. Temia ele, entre outras coisas, que sacerdotes menos fervorosos propusessem para consorte de Maria um homem importante ou rico, mas de hábitos corrompidos.
O sumo sacerdote aceitou a sugestão de Simeão e mandou convocar pretendentes de boa estirpe e ligados ao Templo, a fim de pedir a Deus que mostrasse qual era sua vontade mediante um sinal claro.
Dentre os diversos candidatos encontrava-se São José, a quem Simeão bem conhecia por sua pureza de costumes e sua santa indignação diante da decadência do povo. Sendo da casa de Davi e o herdeiro ao trono, as profecias pareciam indicá-lo como um varão providencial, estreitamente unido à vinda do Messias.
Avisado pelo mensageiro do Templo, São José preparou-se para a viagem com toda a diligência. Tinha então vinte e oito anos.
No dia determinado, reuniram-se no átrio do Templo todos os pretendentes. Simeão, com muita solenidade, explicou-lhes a necessidade de se recolherem a fim de rogar a Deus que lhes assistisse do alto dos Céus enviando um sinal.
Depois pediu que se aproximassem e apoiassem os próprios cajados aos pés do altar de bronze localizado no átrio do Tabernáculo. Eles se acercaram um a um, mas nada aconteceu. Simeão, vendo José imóvel e discretamente postado no fundo, dirigiu-se até ele e disse: “Por que não colocas o teu cajado? É preciso encontrar um esposo para Maria”.
São José avançou em direção ao altar, resoluto e sério. Ao apoiar seu cajado, de sua ponta desabrocharam três belíssimos lírios, e uma pomba de alvura imaculada pousou sobre ele. O sinal estava dado: o Senhor o escolhia para receber Maria como Esposa. Simeão, com o coração transbordante de alegria, quis que José conhecesse Nossa Senhora naquele mesmo instante.
Encontro com Maria
A primeira impressão de São José ao fitar o olhar de Nossa Senhora foi arrebatadora. Maria irradiava tanta luz e tanta graça, como ele jamais poderia imaginar. Sua pureza, encanto e inocência deixavam transparecer a grandeza de uma alma ímpar, superior a qualquer expectativa, mas de uma bondade sem limites, própria à mais perfeita Rainha. A Ela fora concedida uma vocação altíssima, a qual era velada por sua profunda humildade aos homens comuns, de modo que somente aos fiéis e justos era dado discernir suas virtudes.
Nasceu nesse primeiro encontro um sentimento de santo temor que tomou o coração imaculado de São José. Diante dessa dama tão sublime, estaria ele à altura? Se Deus o havia escolhido, seguramente lhe daria as graças necessárias, mas receava não ser fiel.
Por isso, a partir daquele dia passou a rezar com ardor, a fim de corresponder ao elevado chamado de estar junto a Maria Santíssima.
Luz no fim do túnel da perplexidade
São José, apesar de ter sido preparado para o casamento com Nossa Senhora mediante diversos sinais, guardava-os no coração sem penetrar todo o seu significado. Ao ser convocado ao Templo, partiu com a certeza de que a eleição divina não recairia sobre ele.
Qual não foi sua surpresa quando percebeu que os bastões dos outros não floresciam. Seria ele então o escolhido? Nesse caso, como ficaria sua virgindade? Mas o sinal foi claro: os lírios desabrocharam de seu bastão seco. Era a voz de Deus que lhe ordenava: “Casa-te!”
Estava ele diante do que parecia ser a contradição entre duas moções divinas: uma, interior mas muito intensa, apontando-lhe as vias da castidade perfeita; outra, exterior e fulgurante, no sentido de encetar as vias matrimonias.
Não havia outro recurso senão seguir aquela indicada pelo sinal mais evidente. Lembrou-se então da frase de Abraão quando subia o Monte Moriá para sacrificar Isaac, o filho da promessa: “Deus providenciará” (Gn 22, 8).
Poucos dias depois, ao se encontrar em privado com Maria, os dois, levados pelo Espírito Santo, prometeram guardar castidade completa. Ele prometeu a virgindade a Ela, e Ela prometeu a virgindade a ele, como ambos já a tinham oferecido a Deus.
Para São José não foi nenhuma surpresa que Maria lhe manifestasse sua intenção de conservar-Se íntegra e pura, pois no momento em que A cumprimentara, após o florescimento dos lírios, intuíra que seria assim.
Assim, uma perplexidade enorme se desfez. Que repouso para sua alma! Era a luz no fim do túnel da provação… e que luz!
Texto extraído, com pequenas adaptações, do livro São José: Quem o conhece? Por Mons João Scognamiglio Clá Dias, EP.
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