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Contrastes entre a paz do mundo e a paz de Cristo

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Não há, no relacionamento humano, uma palavra tão imprecisamente compreendida como a palavra paz.

Redação (17/06/2022 17:02, Gaudium Press) A todo momento, e em todo lugar, escutamos esta palavra, com apenas três letras, de grande significado, mas que os homens, ao longo da história, não conseguiram conquistar. Não há no relacionamento humano palavra tão equivocadamente entendida como esta palavra: paz.

A interpretam de modo subjetivo, ou seja, deixando-se levar por seus sentimentos, preferências ou pensamentos. Na realidade, a paz é objetiva, atende aos fatos e a lógica, não a sentimentos ou sensações, tem existência real e independente, designa uma circunstância real.

Hoje em dia, é triste dizer, não há paz nas famílias, não há paz nas escolas, no trabalho, na sociedade em geral, menos ainda entre as nações. A paz não existe. “Por quê?”, perguntarão, simplesmente porque Deus foi posto de lado, quando não suprimido, do relacionamento humano nas nações. Ocorreu primeiro na ordem individual e gradualmente foi se espalhando para a sociedade humana em geral.

Todos desejam a paz

A paz é um tesouro que atrai com força irresistível, que todos desejam, mesmo aqueles que fazem a guerra. A paz, nas palavras de Santo Agostinho, é a tranquilidade da ordem, ‘tranquillitas ordinis’. Aquela ordem harmoniosa de suas partes que se sente, por exemplo, quando há paz no próprio corpo. Essa concórdia bem ordenada, essa distribuição dos seres iguais e diversos, atribuindo a cada um o seu lugar (A Cidade de Deus, XIX, 13, 1).

Alguns consideram que há paz quando não há assaltos, sequestros, crimes ou guerra, pode ser tranquilidade, mas não é paz. O elemento essencial da paz é, mais que tranquilidade, a ordem. Quando há tranquilidade sem ordem, não é paz, é apenas uma calma, como há em pântanos ou cemitérios. Para que haja paz é preciso essa tranquilidade, esse sossego, essa serenidade dentro da ordem.

Dois momentos especiais são relatados nos Evangelhos, entre tantos outros, em que a paz entra em cena: no anúncio aos pastores de Belém, do nascimento do Redentor, uma legião do exército celestial louvava a Deus dizendo: “Glória a Deus no céu, e paz na terra aos homens de boa vontade” (Lc 2,14); assim como no primeiro encontro de Nosso Senhor Jesus Cristo com os seus apóstolos, no Domingo da Ressurreição, quando lhes disse estas belas e especiais palavras: “A paz esteja convosco” (Lc 24,36).

Mas, ao mesmo tempo, encontramos nos Evangelhos um contraste em relação à paz. Jesus, antes da Ascensão ao céu, faz uma singular diferenciação. Ele diz aos seus seguidores: “Eu vos deixo a paz, a minha paz vos dou”, depois continua afirmando: “Não vos dou como o mundo dá” (Jo 14, 27). Estabelecendo que existe uma paz verdadeira, a de Cristo, e uma paz falsa, a do mundo.

Dois amores aparecem em cena: um é o amor de Deus que traz a verdadeira paz; o outro é o amor a si mesmo, que é o amor ao mundo, que não traz a verdadeira paz, mas, ao contrário, uma falsa paz.

A paz vem de Deus – A guerra, do distanciamento de Deus

Bem dizia Monsenhor João Scognamiglio Clá Días, fundador dos Arautos do Evangelho, em uma antiga homilia: “a partir do momento em que o mundo abriu as portas para a ideia de que Deus não existe, de que eu sou inteiramente senhor da minha consciência e que faço o que quero, o impulso que vem do fundo da alma, é no sentido de romper com a lei de Deus, do primeiro ao décimo Mandamento, com o qual, as portas do roubo, da mentira, da calúnia, ao crime, à violação do sexto e nono mandamentos, ficam abertas para tudo”.

Bem dizia Monsenhor João Scognamiglio Clá Días, fundador dos Arautos do Evangelho, em uma antiga homilia: “a partir do momento em que o mundo abriu as portas para a ideia de que Deus não existe, de que eu sou inteiramente senhor da minha consciência e que faço o que quero, o impulso que vem do fundo da alma, é no sentido de romper com a lei de Deus, do primeiro ao décimo Mandamento, com o qual, as portas do roubo, da mentira, da calúnia, ao crime, à violação do sexto e nono mandamentos, ficam abertas para tudo”.

Era preocupação de todos os Pontífices fazer compreender o caminho para a verdadeira paz. São João Paulo II disse isso afirmando que: “O restabelecimento da paz também seria de curta duração e totalmente ilusória se não houvesse uma autêntica mudança de coração”, “a guerra nasce verdadeiramente no coração do homem que peca”, ” Isso não explica talvez que o coração do homem não consiga fazer as pazes com seus semelhantes com base na verdade, com genuína justiça e benevolência? (1-1-1984). Por sua vez, Bento XVI afirmou, muitos anos depois: “O germe das trevas e da negação da paz é o pecado em todas as suas formas” (1-1-2013).

Das causas das discórdias que afligiram o mundo moderno São João Paulo II respondeu simplesmente: “A causa mais profunda de todas as discórdias do mundo é o abandono de Deus pelos homens. Quem não vive em paz com Deus dificilmente pode viver em paz com o próximo” (2-5-1987).

A partir de 13 de maio de 1917, em Fátima, Portugal, em uma sequência de mensagens que durou até 13 de outubro, Nossa Senhora advertiu que o mundo, já naquela época, estava dando as costas a Deus; alertando sobre as terríveis consequências.

105 anos após esses eventos, estamos enfrentando o aparecimento do terrível espectro de uma hecatombe nuclear mundial, bem como desastres econômicos que levam a uma escassez de alimentos verdadeiramente desastrosa. Vemos que o mundo – com suas ilusões e fantasias – não trouxe a “tranquilidade” prometida.

Compenetremo-nos de que a paz deve ser definida, não em função dos homens, mas em função de Deus. Concentremos nossas orações pedindo a paz de Cristo no Reino de Cristo, para que tudo venha a ter um florescimento feito de tranquilidade e de ordem, que ocorrerá quando nações inteiras praticarem a Lei de Deus. Aí teremos a verdadeira paz em toda a face da terra.

Recordemos que a Santíssima Virgem, sendo Mãe, espera de nós “uma autêntica mudança de coração”, uma emenda, um pedido de perdão, um pedido de ajuda. Que coloque seus olhos sobre nossas famílias e nossas nações. Que abra os olhos de todos para compreender a gravidade da situação no mundo nos dias de hoje. Que ele nos ampare nestes momentos terríveis que estão por vir.

A paz se faz quando o homem se volta para Deus e reza dizendo: “Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu”. Será a verdadeira paz e cantaremos com o Salmo: “Ó Deus, que todos os povos te louvem” (66, 4).

(Publicado originalmente em La Prensa Gráfica de El Salvador, 5 de junho de 2022.)

Por Padre Fernando Gioia, EP

Traduzido por Emílio Portugal Coutinho

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