Essa é a pergunta que pessoas perplexas fazem às religiosas quando um mosteiro é fechado. A Irmã María Victoria Triviño, OSC fez uma reflexão a propósito do recente encerramento do Mosteiro de Santa Maria de Pedralbes em Barcelona (Espanha), depois de 700 anos de história.
Sor Maria Victoria Triviño Monrabal. Foto: academiamariana
Redação (26/02/2025 09:37, Gaudium Press) A abadessa do Mosteiro do Santo Cristo de Balaguer (Lérida, Espanha), da Ordem de Santa Clara (Clarissas), critica a regra estabelecida pelo Papa Francisco, segundo a qual as comunidades de religiosas com menos de cinco irmãs devem ser dissolvidas, o que não acontece com as de homens.
A Irmã María Victoria Triviño, OSC, fez esta reflexão num artigo publicado pela revista Cataluña Cristiana, a propósito do recente encerramento do Mosteiro de Santa Maria de Pedralbes em Barcelona (Espanha), depois de 700 anos de história.
Quando perguntada sobre o motivo do fechamento “que as pessoas, magoadas e perplexas, dirigem a algumas Clarissas todos os dias”, a religiosa explica que o Santo Padre publicou a constituição apostólica Vultum Dei Quaerere em 2016. A religiosa ressalta que o documento “não dizia respeito aos monges”.
Da mesma forma, com relação à instrução Cor orans, publicada em 2018 para fundamentar a aplicação da Vultum Dei Quaerere, a religiosa clarissa insiste que “ela afeta os mosteiros femininos em todo o mundo, não os mosteiros masculinos”.
Nessa instrução, fica estabelecido que “se um mosteiro tiver apenas cinco religiosas, ele perde sua autonomia e deve se afiliar a outro mosteiro”. Além disso, se ficar abaixo desse número, deve ser suprimido, explica a abadessa Triviño.
Essa situação é acompanhada por um visitador apostólico que, se emitir um relatório negativo para a Cúria Romana, “é ordenada a transferência das irmãs” e o imóvel é fechado.
Na opinião da abadessa, essa regra “que, em circunstâncias normais, pode ser oportuna, em um momento difícil de crise vocacional, crise de valores, crise econômica etc., tem tido um efeito de descontentamento interno”.
Em sua exposição, a abadessa considera que, da mesma forma que o hábito das Clarissas pode ser adaptado “de acordo com as regiões frias”, como prescreve sua Regra, “cada mosteiro adquire peculiaridades ‘de acordo com a região’ em que vive”.
“Se o fechamento de um mosteiro significa sempre a perda de suas habituais celebrações litúrgicas, de sua influência missionária na cidade, a perda de uma presença testemunhal tantas vezes secular do fato de que ‘Deus existe e faz feliz’, a tudo isso devemos acrescentar peculiaridades como o legado artístico, a influência cultural, musical, artesanal, etc. Afinal, sempre lamentaremos a dessacralização de um lugar sagrado”, acrescenta.
Nesse sentido, ela também lamenta o fechamento de outros mosteiros, como o Mosteiro da Santíssima Trindade em Valência (fundado em 1242) cujas obras e decoração foram dirigidas pela admirável Irmã Isabel de Villena no século XV; o Mosteiro de Santa Clara la Real em Toledo (fundado em 1254) que abriga os túmulos reais ou o Mosteiro de Santa Clara em Salamanca, fundado durante a vida de Santa Clara, em 1238, e restaurado no século XVI.
A abadessa conclui que “muito já foi perdido. E somente o Dicastério Romano para a Vida Consagrada pode evitar mais perdas. Como? Atenuando as instruções dadas em todos os mosteiros femininos”.
Em sua opinião, devem ser as religiosas que, “quando chegar a hora, tenham a opção de continuar ou fechar de acordo com sua situação real, como nos mosteiros masculinos, onde não há limites”.
Com informações Aciprensa
The post Por que fechar um convento com menos de cinco religiosas? appeared first on Gaudium Press.