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Santo Alberto Magno: flagelo dos maus

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Na igreja dos dominicanos de Colônia, Alemanha, há um vitral em honra de Santo Alberto Magno, no qual está escrito que ele foi refulgente destruidor das heresias e flagelo dos maus.

Santo Alberto Magno. Alonso Antonio Villamor/Museu de Belas Artes Salamanca. Foto: Francisco Lecaros

Santo Alberto Magno. Alonso Antonio Villamor/Museu de Belas Artes Salamanca. Foto: Francisco Lecaros

Redação (23/11/2023 10:02, Gaudium Press) De família nobre, nasceu Alberto por volta de 1200, em Lauingen – na Baviera, Sul da Alemanha –, ficou órfão ainda criança e foi educado por um tio.

Certo dia, Nossa Senhora apareceu-lhe e recomendou que abandonasse o mundo e se tornasse religioso. Em 1223, foi estudar Direito na Universidade de Pádua, Norte da Itália.

Percorrendo as ruas dessa cidade, viu o Beato Jordão da Saxônia, superior dos dominicanos e sucessor de São Domingos de Gusmão, pregando numa praça e cercado por uma pequena multidão.

Pleno de admiração por sua pessoa e suas palavras, Alberto recordou-se do conselho da Santíssima Virgem e, terminada a pregação, pediu ao Beato Jordão que o aceitasse em sua Instituição. Tendo sido acolhido, fez os votos religiosos e se tornou dominicano aos 26 anos de idade.

Por ordem do Superior do convento, foi estudar Teologia na Universidade de Bolonha, Itália. Em 1228, viajou para Colônia – Oeste da Alemanha –, a fim de lecionar aos seus irmãos de hábito. Passou, então, a escrever obras que atraíram a atenção dos meios culturais.

Um gênio que descobriu e admirou um grande gênio

Fez conferências nas principais universidades da Europa. E, por volta de 1245, foi enviado pelos superiores à celebérrima Universidade de Paris a fim de obter o doutorado em Teologia. Suas exposições atraíram tantos discípulos que passou a fazê-las em praça pública.

Ali lecionou por dois anos e recebeu a insigne graça de ter como aluno São Tomás de Aquino, que fora violentamente perseguido por sua família quando se tornou monge dominicano.

Notando que os colegas de Frei Tomás o chamavam de boi, por causa de seu avantajado corpo, seus grandes olhos meditativos e seu silêncio, Santo Alberto disse: “’Os seus mugidos reboarão pelo mundo inteiro, e por muito tempo’. Era um gênio que descobria e admirava um grande gênio.”[1]

A fim de participar do Capítulo geral da Ordem dos Pregadores a ser realizado em Colônia, Santo Alberto, tomado de admiração pela capacidade intelectual e, sobretudo, pela santidade de Tomás, levou-o consigo para ambos se aprofundarem nos estudos.

Nomeado Provincial da Ordem para a Alemanha, Áustria, Holanda e Alsácia – na atual França –, em 1254, Santo Alberto percorria essas regiões a pé a fim de resolver questões e santificar as almas.

Em 1260, foi sagrado Bispo de Regensburg, na Baviera. O Papa Urbano IV o enviou a Alemanha e Boêmia, a fim de pregar uma Cruzada contra os muçulmanos.[2]

Tendo renunciado ao episcopado, por volta de 1267 regressou a Colônia onde continuou a lecionar.

Beato Gregório X quis fazer uma Cruzada contra os maometanos

O Papa Beato Gregório X, em 1274, convocou o II Concílio de Lyon, na França, cujo principal objetivo era fazer uma Cruzada contra os maometanos.

Dele participaram – além de 500 bispos, abades e príncipes – Santo Alberto Magno e São Boaventura, Superior geral dos franciscanos, que fora sagrado bispo e nomeado cardeal no ano anterior.

São Tomás de Aquino, que se encontrava em Nápoles, recebeu ordem do Beato Gregório X de comparecer ao concílio, a fim de fazer uma exposição sobre seu livro no qual refutava os erros propugnados pelos cismáticos gregos.

Ele se pôs a caminho rumo a Lyon, mas foi atingido por estranha doença e faleceu na Abadia cisterciense de Fossanova, na Itália central.

Quando essa notícia chegou a Lyon, uma outra impactou os participantes da assembleia: São Boaventura, após a quarta sessão do concílio, morreu no convento dos franciscanos dessa cidade.

No final do concílio, Beato Gregório X conclamou todos os clérigos, especialmente os dominicanos e franciscanos, a pregarem a Cruzada.  Incitou os reis e nobres católicos para que a organizassem, e “proclamava sua decisão inquebrantável de ele mesmo ir a Ásia com todos os príncipes cristãos”.[3]

Infelizmente, devido a conflitos entre os soberanos da Europa, movidos por mesquinhos interesses pessoais, a Cruzada não se realizou.

Defesa de tese na Universidade de Paris

Terminado o concílio, Santo Alberto regressou para o convento de Colônia, onde continuou a lecionar e escrever. Em 1277, na Universidade de Paris, defendeu tese sobre Aristóteles, fundamentando-se em argumentos próprios e, sobretudo, nas considerações de São Tomás de Aquino, com o qual conversara inúmeras vezes sobre o tema.

Voltou a Colônia e, dois anos antes de sua morte, perdeu a memória, mas sempre agia com total dignidade e respeito, pois a santidade se tornara para ele uma segunda natureza.

Em 15 de novembro de 1280, no convento dominicano dessa cidade, entregou sua alma a Deus.

Além de obras sobre a Sagrada Escritura, Teologia e Filosofia, Santo Alberto escreveu a respeito dos mais diversos temas, tais como: Matemática, Arquitetura, cosmografia, meteorologia, Física, Química, mineralogia, botânica, zoologia, antropologia.

Em Colônia confeccionou um autômato, que se movia e emitia sons. Seu jovem discípulo, São Tomás de Aquino, quando viu esse objeto, ficou indignado e “o quebrou julgando ter diante de si um verdadeiro agente do diabo”.[4] Seus conhecimentos tinham tal amplitude que, mesmo em vida, ele foi chamado “Doutor Universal”.

Destruidor das heresias e flagelo dos maus

Os escritos de Santo Alberto sobre Aristóteles muito contribuíram para o aperfeiçoamento da Teologia e da Filosofia – as mais elevadas das ciências.  “Seu trabalho consistiu em descobrir o pensamento genuíno de Aristóteles, eliminando as construções acrescentadas pelos filósofos árabes e judeus”.[5]

Increpando aqueles que negavam a Doutrina Católica, escreveu:

“Os hereges se assemelham às raposas de Sansão: como estes animais, todos eles têm diferentes cabeças, porém estão atados juntos pelo rabo, ou seja, estão sempre unidos quando se trata de opor-se à verdade”.[6]

Sua luta contra as heresias está consignada num vitral da igreja dos dominicanos de Colônia: “Este santuário foi construído pelo Bispo Alberto, flor dos filósofos e dos sábios, modelo dos costumes, refulgente destruidor das heresias e flagelo dos maus”.[7]

Roguemos a Santo Alberto Magno, cuja memória se celebra em 15 de novembro, que nos obtenha de Nossa Senhora o crescimento no amor a Deus e na combatividade contra os inimigos velados ou declarados da Santa Igreja.

Por Paulo Francisco Martos

Noções de História da Igreja


[1] CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. O Legionário. São Paulo, 5/3/1939.

[2] Cf. DARRAS, Joseph Epiphane. Histoire Génerale de l’Église. Paris: Louis Vivès. 1882, v. 29, p. 512.

[3] Idem, ibidem, p. 488.

[4] Idem, ibidem, p. 512.

[5] VILLOSLADA, Ricardo Garcia. Historia de la Iglesia Católica – Edad Media.3. ed. Madri: BAC, 1963, v. II, p. 794.

[6] SIGHART, Joachim. Albert the Great, of the Order of Friar-preachers. Londres: Paternoster Row, 1876, p.248.

[7] CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Refulgente destruidor das heresias. In Dr. Plinio. São Paulo. Ano XXI, n. 248 (novembro 2018), p. 19.

 

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