No dia 24 de agosto, a Igreja celebra a festa de São Bartolomeu. Ele é o Natanael de que falam as passagens bíblicas.
Redação (24/08/2023 10:53, Gaudium Press) Nosso Senhor caminhava pelo deserto com seus discípulos. Provavelmente iam de uma pregação a outra, admirando os feitos de seu Mestre. Caminhara sobre a água, transformara esta em vinho, prometera água viva que saciaria a sede. E que sede! Sob o sol da Judeia, iam eles ligeiramente desanimados, com o peso da tarde afetando seu caminhar.
Talvez não soubessem onde iam ficar àquela noite; caminhar com Jesus sempre foi indiretamente incerto; aliás, era isso que Ele pedia, em primeiro lugar: confiança na Providência Divina, como Ele se punha nas mãos do Pai.
Felipe, naquele dia, falara ao Mestre sobre um amigo seu, que provavelmente gostaria de conhecê-Lo. Com efeito, todos O admiravam: Jesus curava os leprosos com uma ordem e levantava os paralíticos com um olhar. Bastava pedir e acreditar: o resto Cristo fazia, inclusive vencer as leis da natureza. Felipe se lembrava dele ter dito: “Para quem tem a fé do tamanho do grão de mostarda, se disser a uma montanha: ‘sai daí e atira-te ao mar’, ela irá”. Do tamanho de um grão de mostarda, pensava ele.
Bartolomeu encontra-se com o Divino Mestre
De repente, rompendo seus pensamentos, Felipe vê seu grande amigo em uma extremidade do caminho, já na entrada da cidade. Animado, vira-se para Jesus para avisá-lo, mas Cristo já o tinha visto. Felipe não consegue explicar porque seu Mestre parou, mas o ouve confidenciar a seus discípulos: “Eis um israelita de verdade, sem falsidade”. São Bartolomeu, já vindo ao encontro de Jesus, consegue ouvir o elogio que Jesus lhe fez. Fica surpreso. “Como este rabino tão profundo, tão sério, tão comovente, o conhecia?”
Felipe o apresenta oficialmente: “Mestre, este é Natanael”. Mas esperar não era do feitio do novo convidado. Olhando para Jesus, que o fitava, pergunta: “Mestre, de onde me conheces?”
“Quando estavas debaixo da figueira, eu te vi”, responde Jesus.
O que terá feito Natanael, debaixo da figueira, que, julgando estar sozinho, afirmou sua fé, sendo visto por Jesus? Que grandes questões terão percorrido Natanael no silêncio, na oração, e que foram respondidas por aquela troca de olhares com Jesus?
Felipe não entendeu, mas o que viu lhe tocou a alma. Natanael estava ajoelhado, com os olhos cheios de lágrimas: “Rabi, tu és o filho de Deus, tu és o Rei de Israel”. A partir dali, não se separou mais do Divino Mestre. Esteve com Ele em todos os momentos, sucumbiu ao medo, pediu perdão e, junto com seu grande amigo Felipe, aproximou-se de Nossa Senhora e recebeu junto a Ela o Pentecostes, indo pregar o Evangelho aos rincões no mundo. Hoje, mártir, São Bartolomeu é celebrado no Céu por legiões de anjos.
Segundo fontes históricas, São Bartolomeu teria pregado o cristianismo até na Índia. Outra tradição diz que o apóstolo morreu vítima de esfolamento de toda a sua pele em Albanópolis, atual Derbent, na região russa do Daguestão, às margens do mar Cáucaso, a mando do governador. Na Capela Sistina, ele é pintado segurando a própria pele na mão esquerda e na outra o instrumento de seu suplício, um alfange (tipo de espada). Segundo a Igreja Católica, mais tarde suas relíquias foram levadas para a Europa e jazem em Roma, na Igreja a ele dedicada.
Que São Bartolomeu – o qual mesmo longe da vista dos homens mantinha sua integridade – nos dê esta sua virtude: uma santidade a toda prova.
Texto extraído, com adaptações, de arautos.org.
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