Uma das metas obrigatórias para os peregrinos e turistas que se dirigem a Roma são as catacumbas. Particularmente célebres e frequentadas são as de são Calisto, definidas pelo papa João XXIII “as mais respeitáveis e as mais célebres de Roma”. Numa área de mais de 120.000 m2, com quatro andares sobrepostos, foi calculado que lá existam não menos de 20 quilômetros de corredores.
Essa obra colossal fixa para sempre a memória de são Calisto, que cuidou de sua realização, primeiro como diácono do papa Zeferino e depois como papa. Mas além das dimensões, este lugar é precioso pelo grande número e pela importância dos mártires que aí foram sepultados: particularmente célebres são a cripta de santa Cecília e a contíngua, a dos papas, na qual foram sepultados o papa Ponciano, Antero, Fabiano e outros. Pode parecer estranho, por isso, que falte aí aquele que quis a cripta, são Calisto. O túmulo dele está colocado bem no meio da Roma antiga, na basílica de santa Maria in Trastevere, que, construída por determinação do papa Júlio, na metade do século IV, foi intitulada também de são Calisto.
No Trastevere (Transtibre) além do mais, nasceu Calisto, na segunda metade do século II, filho de tal Domício. De condição servil, era todavia muito apreciado pelo correligionário Carpóforo, que lhe confiou a administração dos seus bens. Algo, porém, não deve ter funcionado bem, pois não demorou muito para que o pobre Calisto tivesse de fazer girar uma roda de moinho para compensar o patrão e também a comunidade cristã pelo dano sofrido. Outra dura condenação — a flagelação e a deportação para a Sardenha — Calisto teve de sofrer pouco tempo depois das acusações dos judeus. Resgatado pela comunidade cristã, também pela colaboração de Márcia, concubina de Cômodo, Calisto colaborou com o papa Vítor e com Zeferino, até que sucedeu como papa a este no ano 217.
A sua eleição provocou o cisma de Hipólito, que reprovava a Calisto a sua origem servil e sobretudo a sua demasiada condescendência para com os pecadores. São Calisto teve de combater também contra a heresia sabeliana. Morreu mártir, não pelas mãos das autoridades imperiais, como atesta o Martirológio Romano, mas por ocasião de uma sedição popular.
Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.
FONTE: PAULUS