O religioso dominicano, Frei Betto, participou da audiência geral do Santo Padre na quarta-feira, 23 de agosto, após a qual teve um momento de encontro pessoal com o Papa.
Redação (06/09/2023 15:30, Gaudium Press) Há alguns dias, os microfones da Rádio Vaticano foram abertos à voz do polêmico dominicano Carlos Alberto Libânio Christo, mais conhecido como Frei Betto, um dos antigos expoentes da teologia da libertação, que participou da audiência geral de 23 de agosto e disse algumas palavras sobre os 10 anos do pontificado de Francisco.
O atual papa “está resgatando as origens evangélicas do cristianismo”, afirmou Frei Beto, acusando implicitamente os papas anteriores de distorcer o legado de Jesus Cristo.
Depois de insistir que “a Igreja estava muito contaminada por males e vícios que a afastaram das raízes evangélicas”, o frei ressalta que um desses males é a consideração de que “o clero é um intermediário entre os fiéis e Deus”, negando assim a mediação sacerdotal, inclusive a dos sacerdotes do Antigo Testamento.
Na entrevista, ele nega que “o clero possui poderes que os fiéis não possuem”, algo que fundamentou ao dizer que “a Constituição Lumen Gentium do [Concílio] Vaticano II fala do sacerdócio universal do povo de Deus. Então, é preciso acabar… O clero é importante, mas como servidor dos fiéis, e não como autoridade ou poder que se impõe aos fiéis”. Ou seja, ele apagou dois mil anos de sacerdócio ministerial.
Aliás, a consideração do “povo sacerdotal” não tem origem no Vaticano II, mas São Pedro já afirmava que a Redenção, para aqueles que creem em Cristo, os havia transformado em “uma raça escolhida, sacerdócio régio, nação santa” (1 Pd 2,9-10), como a própria Lumen Gentium cita. Mas o que Frei Betto parece não ter lido é que essa mesma constituição dogmática lembra que “o sacerdócio comum dos fiéis e o sacerdócio ministerial ou hierárquico se diferenciam essencialmente e não apenas em grau”, e “o sacerdote ministerial, pelo seu poder sagrado, forma e conduz o povo sacerdotal, realiza o sacrifício eucarístico fazendo as vezes de Cristo e oferece-o a Deus em nome de todo o povo”.
No entanto, o estilo progressista radical, nos documentos magisteriais, lê o que quer, interpreta o que quer e esconde o que quer, para produzir aquela “hermenêutica de ruptura” com a tradição da Igreja.
Hermenêutica de ruptura também endossada por Frei Betto quando reclama e critica, nos microfones da Rádio do Papa, a mentalidade daquela “boa parte do clero, incluindo bispos da América Latina, [que] é da seara de dois pontificados conservadores, de João Paulo II e Bento XVI”, mentalidade que os impede de “abraçar a proposta [evangélica] de Francisco”.
Assim, Frei Betto – apesar de todas as condenações do Vaticano contra a instrumentalização política da religião que fez e faz a teologia da libertação – insiste que “o Reino [de Deus] é um projeto, que eu diria político, para este mundo” e que Jesus foi condenado por se opor ao Império Romano, reafirmando sua visão de Jesus Cristo como a de um revolucionário ao estilo de Che Guevara. Na expressão do sacerdote, Francisco também é alvo de “ódio” das “classes dominantes” por fazer “uma opção clara e evidente pelos pobres”. (CCM)
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