Em Pentecostes, o matrimônio místico de Maria com o Paráclito se sublimou, e a Ela foi conferida uma maior plenitude de dons.
Redação (26/05/2023 19:31, Gaudium Press) O Paráclito queria plasmar primeiro no Coração de sua Esposa aquilo que cogitara em sua mente divina. Nossa Senhora meditou e modelou em seu Coração como deveria ser a Igreja em todos os seus detalhes e instituições: os esplendores do Papado, as variadas vias de santidade, a beleza da Liturgia, a riqueza de carismas das Ordens Religiosas… enfim, tudo quanto desabrocharia a partir da efusão do Espírito Santo. Quando Ela completou sua meditação, faltava-Lhe apenas dispor dignamente as almas dos Apóstolos para o memorável acontecimento.
O estopim de Pentecostes
Uma das práticas habituais naqueles dias consistia em lerem em conjunto passagens das Escrituras que tratavam sobre o Messias e depois ouvirem um comentário de São Pedro ou São João, previamente orientados por Nossa Senhora.
Em certa ocasião o Apóstolo Virgem, tomado de entusiasmo, pediu a Maria que dissesse algumas palavras. Ela tratou sobre a vocação grandiosa que eles possuíam de propagar a Igreja por todo o mundo e os frutos que dessa expansão adviriam. A cada nova narração o entusiasmo de seus ouvintes crescia a ponto de, tomados pela graça, esquecerem-se completamente das perseguições que os ameaçavam e estarem prontos para receber o Dom de Deus!
Nesse auge de fervor, “de repente veio do céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados” (At 2, 2). Logo apareceram as línguas de fogo descritas nos Atos dos Apóstolos, as quais se uniram e pousaram sobre Nossa Senhora, repartindo-se em seguida entre os presentes.
Os discípulos se abraçavam com um afeto nunca manifestado. Grande consolação e alívio indescritível pervadiram a alma de Maria ao ver aqueles que poucos dias antes estavam à beira do desânimo serem confirmados em graça para o cumprimento heroico de sua missão. Desses homens comuns, entregues a seus próprios interesses, em breve surgiriam, pela ação irrefreável do Espírito Consolador, Santos que marcariam a História e fariam desabrochar a árvore esplendorosa, formosa e imortal da Igreja.
Mas foi a Santíssima Virgem quem atraiu o Paráclito à terra! Quando a devoção a Maria atingiu o píncaro e os discípulos passaram a considerar todas as coisas com Ela, por Ela e n’Ela, o Espírito Santo tantas vezes prometido por seu Divino Filho Se dignou descer dos Céus, trazendo essa graça transformante. Quis a Trindade Beatíssima agir assim: o Pai atuou como profeta no Antigo Testamento, fazendo anúncios e promessas; o Filho confirmou a palavra do Pai por meio de sinais e conquistou sua realização a preço do Sangue Preciosíssimo vertido na Paixão; e coube ao Espírito Santo cumprir essas promessas e as perpetuar na Igreja.
Pentecostes e Nossa Senhora
O Espírito Santo é essencialmente Amor. Sua virginal Esposa, seu alter ego, para ser semelhante a Ele só poderia ter a alma toda feita de amor. E o encontro desses dois amores gerou a graça inédita que transformou homens pusilânimes em verdadeiros heróis da Fé!
A chama que pousou sobre cada Apóstolo representava, no fundo, a graça a eles concedida da certeza de quanto Deus e Nossa Senhora os amavam.
Depois de haver desposado Maria Santíssima na Anunciação, o Espírito Santo jamais cessou de amá-La como perfeito Esposo, nem de A cumular de seus agrados e dádivas.
Em Pentecostes, porém, esse matrimônio místico se sublimou, e a Ela foi conferida uma maior plenitude de dons. Como conceber uma plenitude maior na criatura “cheia de graça” que a cada instante, sobretudo após a Encarnação, já possuía a plenitude das plenitudes?
Embora se possa afirmar, sem a menor sombra de dúvida, que até aquele momento Nossa Senhora tinha correspondido eximiamente a todas as graças recebidas ao longo da vida, a descida do Espírito Santo descortinou para Ela um novo horizonte de santidade, o qual marcaria em sua pessoa a nova era que começava para a humanidade.
Maria Se assemelhava a um oceano finito capaz de abarcar o infinito, como o prova a própria Encarnação: Aquele a quem os Céus não podiam conter, veio morar em seu castíssimo seio! Para Ela não havia limite de dons e virtudes; era passível de progredir no mundo sobrenatural de maneira inimaginável, devido ao constante crescimento de suas relações com a Santíssima Trindade.
O Paráclito A habitava por inteiro e a Ela havia Se unido de maneira tão íntima e profunda que ambos formavam, por assim dizer, um só espírito: o Consolador tudo realizava por meio de sua Esposa e em seu interior gerava todas as graças. Mas era preciso que Nossa Senhora fosse como que introduzida no seio da Santíssima Trindade a fim de, daí em diante, atuar com a força e a intensidade das Três Pessoas Divinas, para o benefício da Igreja. Isso só seria possível através do Espírito Santo, pois o vínculo existente entre os dois Lhe comunicava todos os direitos de seu Esposo místico, permitindo-Lhe agir em nome d’Ele e com seu mesmo poder.
Em Pentecostes a força divina que ali palpitava desabrochou e se expandiu para o Colégio Apostólico, e todos passaram a participar dos dons, virtudes e carismas da alma de Nossa Senhora; em suma, tornaram-se um desdobramento d’Ela para o mundo. E, como eles renasceram no Coração de Maria pela ação do Espírito Santo, sua missão ficou ligada a Ela para sempre.
Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP
Texto extraído, com adaptações, do livro Maria Santíssima! O Paraíso de Deus revelado aos homens.
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